Esta obra, galardoada com o prémio "Lengua de Trapo de Novela", traça a história de Laija, uma mulher divorciada que se vê na contingência de ter de cuidar em sua casa da sua mãe doente.
A partir deste momento, Laija vê-se face a face com o recordar de memórias, mentiras e escolhas que marcam a sua vida sendo obrigada a confrontá-las e a assumir as suas responsabilidades e consequências.
No âmago desta obra está presente um olhar sobre o que é ser humano, especialmente sobre as escolhas e caminhos percorridos, bem como uma análise às bases sobre as quais Laija (e consequentemente, todos nós) constrói a sua vida e personalidade: mentiras e (des)ilusões não apenas aos outros, mas acima de tudo a ela própria.
Ao ser confrontada com a enfermidade da sua mãe e com a sua própria vida, Laija avalia as suas escolhas analisa as suas vivências: desconstrói a sua realidade, apercebendo-se que muitas delas foram realizadas a um nível inconsciente, quase que como um espectador num filme que é a sua própria vida e sobre a qual apenas teve um controlo fictício.
À medida que a obra decorre, apercebemo-nos que é apenas através do abraçar dos fantasmas, da avaliação das vivências e das aprendizagens necessárias (mas muitas das vezes sofridas), que é possível quebrar com os ciclos de sofrimento e com as mentiras existenciais.
É neste aspecto que a mãe de Laija se constitui como um elemento catalisador do processo de análise: não só permite o confrontar de Laija com a sua própria mortalidade (por vezes esquecida do ser humano), como acaba por funcionar como um espelho à vida da própria Laija.
Por outro lado, a mãe de Laija representa todas as figuras que esta (e consequentemente todos nós) passou tempo a tentar agradar e a viver em função de, esquecendo-se das suas próprias necessidades e vontades. Ao fim do dia, a mulher enferma é a própria Laija, cuja vida passou diante dos seus olhos em virtude das suas escolhas e caminhos percorridos. A mulher é careca pois esta exposta ao olhar dos outros: todas as suas incongruências falhas, vícios e virtudes.
A Mulher Careca constitui-se assim como uma reflexão sobre a vida de cada um de nós, as escolhas que fazemos e acima de tudo, uma tentativa para reflectir sobre qual o sentido de uma vida que é vivida em função das expectativas dos outros em vez de uma honestidade para com o próprio.Editora: Alfabeto
Páginas: 128
Género: Romance
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