terça-feira, 4 de outubro de 2011

Fogo (Kristin Cashore)

Esta obra de Kristin Cashore é a segunda contextualizada nos Sete Reinos, tal como o primeiro livro Graceling. De facto, Fogo pode ser considerado como uma prequela a Graceling, publicado em 2008.
Fogo é bela e mortal: aos seus poderes apenas o príncipe Brigan consegue resistir. Um monstro, um pária da sua própria sociedade Fogo vê-se face a face com o ter de usar o seu poder por lealdade familiar. No entanto, começa a ter algumas dúvidas: onde começa e termina a lealdade familiar, quão importantes são de facto os laços familiares e o que é, na realidade, a família? São estas as perguntas a que a personagem irá responder e com isso encontrar o seu próprio lugar no mundo.
Em boa verdade, para além de ser uma prequela bastante interessante para os fãs do género da fantasia, esta obra obriga o leitor a questionar estereótipos: Fogo é um monstro, mas os seus sentimentos e dúvidas levam-nos a questionar a verdadeira natureza do que é e não é humano.
De facto, as acções de Fogo não são mais que o resultado da cultura em que nasceu, um produto da própria natureza social e cultural intrínseca.
Ao longo da narrativa Fogo vai-se tornando numa personagem segura de si, independente e cujo principal foco é o conciliar o que lhe foi ensinado pelo seu pai e aquilo que de facto deseja fazer e ser.
Estamos então perante uma questão acerca da autonomia do Eu, da luta contra um Destino sobre o qual, aparentemente, não como escapar. Se somos moldados pelas experiências mais precoces e que estas condicionam em muito a vida futura do adulto, a verdade é que muitas das escolhas dependem dum livre arbítrio. Na pior das hipóteses haverá sempre uma parecença de escolha e são estas que acabam por definir quem somos.
Fogo luta contra a sua natureza, contra tudo o que lhe foi ensinado e contra a sombra da sua herança familiar. E isto torna a sua personagem rica e o seu desenvolvimento aliciante.
No entanto a obra não se esgota apenas em Fogo. Sendo uma prequela, a obra oferece também uma visão sobre algumas das personagens do primeiro livro o que ajuda a contextualizar e a compreender o universo dos Graceling.
Assim, apesar de o livro ser recomendado a quem leu o primeiro, a verdade é que a sua leitura por si própria poderá ter o efeito de estimular a curiosidade do leitor para a primeira obra.




Autor: Kristin Cashore


Editora: Objectiva


Páginas: 456


Género: Fantasia

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