James Long, um antigo correspondente da BBC, brinda-nos em Ferney com um romance que vai bem para além da enfadonha história entre de dois seres em busca de um amor perfeito.
O casamento entre Mike Martin, um professor de História, e Gabriela (Gally) precisa de um novo rumo e procurar uma casa de campo longe do constante alvoroço da agitação londrina parece-lhes a decisão mais acertada.
O estado de fragilidade de Gally é resultado de um recente aborto, e uma infância traumática faz com que a procura pela dita casa seja fervorosamente realizada até que ela se sente inexplicavelmente atraída por uma casa de pedra completamente em ruínas em Penselwood.
Mike concorda em comprar a casa e muda-se juntamente com Gally para uma caravana em Penselwood com o intuito de irem restaurando a casa.
No entanto, Gally conhece um octogenário, Ferney, com quem afirma ter um relacionamento vindo de outras encarnações e que segundo ela estará destinada a amar em próximas vidas.
É neste cenário de profunda espiritualidade, conflito, tortura, violência e crime que decorre a narrativa de Ferney. Por um lado um amor que ultrapassa a barreira do tempo vivido por duas almas apaixonadas (Gally e Ferney) que resistem á separação geográfica, à diferença de idades e à própria morte. Por outro lado, a vertente emocional e real das personagens, uma vez que apesar da poderosa habilidade para reencarnarem, tanto Gally como Ferney são pessoas de uma humanidade bem real colocadas numa constante posição de desconforto por fugirem ao padrão social de relacionamento.
Uma das mais-valias do romance de James Long é a grandiosidade histórica que o envolve, desde o primeiro encontro entre Gally e Ferney no período pré Arturiano ao período pós 2ª guerra mundial em que Gally é assassinada as mãos de um homem brutal.
Ironicamente Mike é um historiador e académico que não consegue lidar com as interpretações históricas de Ferney julgando que estas advêm de uma fonte bibliográfica duvidosa quando efectivamente elas são baseadas em experiências reais vividas na primeira pessoa.
A própria personagem de Mike é o lugar-comum da pessoa equilibrada que praticamente enlouquece de fúria e raiva perante uma situação que foge completamente do seu controlo.
Um livro tão mais surpreendente quanto é tão original sem cair no exagero romântico ou no delírio da imaginação!
Editora: Planeta Manuscrito
Páginas: 456
Género: Romance
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