domingo, 28 de março de 2010

O Dardo de Kushiel (Jacqueline Carey)

Este livro é diferente, muito diferente de tudo o que eu já li, o que o tornou, de facto, numa enorme surpresa.
Não tendo gostado da capa deste livro - acho, sinceramente, que é muito pouco atractiva - se algo me moveu a lê-lo foi a sinopse.
E ainda bem que assim foi, pois este livro não é como a maior parte da Fantasia direccionada a um público adolescente ou mesmo jovem-adulto, este livro é sem dúvida para um público adulto, exigente e com uma mente aberta. Não é, de todo, um livro para toda a gente devido às suas especificidades.
O início é exigente, estabelecendo um mundo dividido em muitas facções, cada uma delas com uma mentalidade muito própria. O leitor, mesmo sentindo-se um pouco confuso com tanta informação, beneficia depois ao longo do livro da qualidades das bases estabelecidas.
Por outro lado, ao apresentar uma protagonista ainda criança mas já com fortes impulsos e desejos sexuais, estabelece uma caracterização a que a sociedade actual está pouco habituada e que poderá mesmo causar algum embaraço por nos vermos próximos do que seria uma descrição de uma criança por alguém com tendências pedófilas.
No entanto o desafio de uma personagem assim levou-me a mergulhar nas recordações da minha própria infância porque é óbvio que existe sexualidade na infância - embora não me recorde de alguma vez me ter sentido como a personagem.
Claro que à medida que vamos imergindo no mundo da Terra de Anelíne vamos sendo arrastados por uma onda de sedução e sofisticação que transforma aquilo que antes parecia uma realidade desajustada e estranha se torne preciosa, fazendo-nos vacilar entre a compulsão para ler tudo de seguida até ao final e a agonia prazerosa de fazer a leitura lentamente para não sair deste mundo




Autor: Jacqueline Carey


Editora: Saída de Emergência


Páginas: 400


Género: Fantasia

segunda-feira, 22 de março de 2010

A Rainha Branca (Philippa Gregory)


Mais uma vez Philippa Gregory prova que merece inquestionavelmente o título que lhe atribuem de Rainha da Ficção Histórica!
Desta vez o romance não é ambientado na Corte Tudor como é seu hábito, mas durante a monarquia dos reis Plantageneta, uma época conflituosa e em que imperava a guerra civil, uma guerra nascida no seio da mesma família em luta pelo trono e pelo poder que ele acarreta.
Mais uma vez temos uma personagem central feminina muito forte que se apaixona pelo jovem rei, uma personagem em que apenas a ambição se mostra superior a esse amor.
Verifica-se que a autora, como é sua marca, antes de escrever o romance procedeu a uma intensa pesquisa histórica o que eleva a qualidade do seu trabalho e a torna numa das minhas autoras favoritas pela forma como conjuga a qualidade da informação com a qualidade da escrita.
Evidência disso mesmo é o facto de ela tocar numa história bastante conhecido, porém poucas vezes explorada, a dos pequenos príncipes perdidos na Torre.
Igualmente, a história da deusa-sereira de quem a protagonista se acredita descendente surge muito bem integrada na narrativa central.
Devo confessar, no entanto, que não gostei que a forte personagem central reagisse tão brandamente às traições constantes do rei, justificando que apesar delas apenas ela era amada por ele e que, portanto, não tinham qualquer importância.
Penso que este tipo de mentalidade servil imposta por uma dominância machista condiz com a época mas não com o restante da personalidade da personagem.
O que não condiz com a época é apresentar a rainha com vinte sete anos como uma mulher muito nova no auge da sua beleza e juventude e o rei, com vinte e dois anos, como um rei-menino, numa época em que a esperança de vida rondava os quarenta anos, ela seria já considerada uma mulher de meia idade e ele um homem maduro.
Mas estes pequenos pormenores são irrelevantes comparados com a história profunda, intrigante e viciante que o livro nos oferece!




Autor: Phillipa Gregory


Editora: Civilização


Páginas: 448


Género: Romance Histórico

domingo, 14 de março de 2010

Feitiços de Amor (Barbara Bretton)

Este é um livro de fantasia para um público mais adulto mas que tem uma escrita simples e acessível, por isso mesmo cativante.
É interessante a forma como a autora consegue juntar uma realidade absolutamente normal e semelhante à nossa com todo um mundo de fantasia secreto, que está mesmo à frente dos olhos dos humanos mas oculto por um poderoso feitiço.
A história é entretida mas é pena que, no entanto, pareça que a parte da fantasia seja, em muitos momentos, quase secundária para história, servindo apenas de justificação para o elemento proibido do romance.
Pareceu-me também que a autora deu demasiada importância ao tricot, quando este não era muito relevante para a história, para tentar alcançar alguma originalidade na história, mas apenas conseguiu com isso criar alguns momentos aborrecidos no livro.
Se o tricot, como a fantasia, tivesse servido a algo mais intricado na história, estaríamos perante um livro que se distinguia por uma grande originalidade.
Mesmo assim, é um livro que vale a pena ser lido por quem gosta de um bom romance e para quem ainda acredita, ou tem vontade de voltar a acreditar, no verdadeiro amor e numa pitada de magia salpicando a vida.




Autor: Barbara Bretton


Editora: Quinta Essência


Páginas: 296


Género: Romance/Fantasia

domingo, 7 de março de 2010

Ghostgirl - A Rapariga Invisível (Tonya Hurley)


Este não é apenas mais um livro de fantasia que copia qualquer outra história de sucesso, ou que se vende como livro de fantasia mas não passa de um romance erótico barato.
É um livro que, sem dúvida, prima pela originalidade, cheio de uma deliciosa ironia e humor negro.
Isto apesar de o espírito do livro fazer lembrar muito aquele da “Noiva Cadáver” de Tim Burton, pelo estilo gótico sombrio e a forma triste, porém doce, como os mortos ainda se encontram presos à vida.
Mas o livro distingue-se por uma forte componente moralista, que nos tenta transmitir a lição de que nem sempre aquilo que nós mais desejamos é aquilo que realmente nos faria felizes. Por outro lado, o livro é também uma sátira perspicaz e engraçada do funcionamento social dos liceus nos Estados Unidos.
A sua maior inspiração é, claramente, o romance gótico, sabendo fazer a sua leitura para o género de leitores a quem se dirige acima de tudo, mas sendo pelas mesmas razões mais transversal do que se poderia julgar.
É um bom livro para todos aqueles que gostarem do género de fantasia, livre dos clichés usuais.



Autor: Tonya Hurley


Editora: Contraponto


Páginas: 336


Género: Romance gótico/Fantasia

segunda-feira, 1 de março de 2010

Prazer da Noite (Sherrilyn Kenyon)

Apesar desta história em si mesma ser interessante, abordando mais uma vez a temática sobrenatural em que um vampiro e uma humana se apaixonam, tema que tem vindo a ser cada mais popular e comum na literatura, este livro distingue-se dos outros livros de fantasia com a mesma temática, por um forte investimento no conteúdo sexual e sensual do livro. E tenho de confessar que foi esta mesma distinção que não me agradou, porque, para mim, é levada ao extremo, ao ponto de estragar o livro e a história.
Embora eu, no início, tivesse pensado que o livro poderia ser prometedor, rapidamente fiquei com a sensação de que estava a ler o argumento de um filme pornográfico ou, na melhor das hipóteses, um daqueles romances de cordel, tipo novela erótica que se podem comprar com a revista Maria por mais 2 euros. Não é que um pouco de sexo não possa ser interessante num livro de fantasia, mas neste, tão levado ao exagero e com uma linguagem tão vulgar, acaba por se sobrepor à temática de fantasia do livro, tornando-se enjoativo e aborrecido.
É de facto uma pena, porque acaba por estragar aquilo que para mim são personagens misteriosas e engraçadas e uma história que podia ser realmente boa.
No entanto, isto é apenas a minha opinião, porque não duvido que quem aprecia o género da fantasia erótica vá, de facto, gostar muito deste livro.




Autores: Sherrilyn Kenyon


Editora: Chá das Cinco


Páginas: 304


Género: Fantasia/Erótico