quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

À Cabeceira do Rei - Vencedor do passatempo



Mesmo aqueles que não ganharam hoje, não deixem de ler a crítica a este livro, pois creio que ficarão tentados a ir comprá-lo ou a procurá-lo na biblioteca mais próxima.

Quanto a quem vai poder ler o livro muito em breve e sem custos nenhuns é...



Gabriela Caetano

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

À Cabeceira do Rei (Paulo Drumond Braga)

Este é um livro muito chamativo para os amantes da nossa História. Creio que poderá ser ainda mais chamativo para os que não se sentem atraídos pelo tema.
Este tratamento do foro privado dos nossos soberanos pode muito bem ser a porta de entrada mais apelativa para se olhar para os Reis como pessoas a par de nós próprios.
Não se trata de chamar a atenção pela sua intimidade amorosa, que pode servir para romancear o Passado mas não nos esclarece devidamente.
Trata-se do historiador Paulo Drumond Braga nos falar da fragilidade que os Reis partilham connosco, assim os mostrando humanos.
As suas doenças e, em alguns casos, as suas mortes mostram que a fragilidade humana não tem em conta o posto que cada qual ocupa e que os médicos, por melhores intenções que tenham, não podem ir mais além do que iriam com um simples camponês.
Ou, se o tentam ir, estão já no campo da invenção que lhes permita parecerem sábios quando o paciente frágil à sua frente tem, sempre, o poder sobre eles.
Algumas das doenças de então ficam esclarecidas aos nossos olhos modernos, mas isso não acontece com todas as sequências que levam à morte de reis.
Há casos nos quais as suspeitas permanecem e também isso é excitante, uma espécie de policial arqueológico em que a intuição e a extrapolação são as melhores armas... mesmo que apenas da nossa imaginação.
Ao mesmo tempo temos direito a uma outra lição, de Medicina. A evolução do conhecimento fica bem patente na explicação dos métodos usados ao longo dos séculos.
Pode ser difícil, por vezes, compreender à luz da nossa Era os pontos mais avançado da Ciência de então sem os classificarmos como "crença" mas é essencial tentar perceber as limitações - científicas e religiosas, por exemplo - que faziam a Medicina progredir tão lentamente.
Para o leitor é também importante saber que o autor conseguiu escrever de forma chamativa sem deixar de lado a precisão científica do seu mester.
A introdução de cada capítulo é importante para relembrar o contexto do que vamos ler, o recurso a citações das obras de referência bibliográfica dão a cada relato uma maior proximidade ao tempo em que se passaram e, sobretudo, uma intromissão no círculo mais restrito dos monarca.
Este género de trabalhos permitem ao comum leitor, com ligeireza, passar a História por "tu", algo que o historiador que o escreveu já faz mas com o peso da sua vocação.





Autor: Paulo Drumond Braga


Editora: Esfera dos Livros


Páginas: 328


Género: História / Divulgação