terça-feira, 23 de setembro de 2014

Evento - Jantar com João Tordo

Todos aqueles interessados na obra do escritor João Tordo, vencedor do Prémio José Saramago em 2008 e que já neste ano lançou o seu mais recente livro Biografia Involuntária dos Amantes, poderão amanhã ficar a conhecê-lo num jantar de convívio organizado pelo site Table&Friends.




O evento decorre em Lisboa e quem aderir ao jantar beneficiará da intimidade do momento para colocar ao autor todas as questões sobre a sua obra e o seu processo criativo.

Deixo a informação mais detalhada sobre o evento, retirada directamente do site Table&Friends, onde podem ainda fazer a vossa reserva.

João Tordo é o convidado da Table&Friends para o seu próximo jantar-tertúlia, agendado para 24 de setembro (quarta-feira), no restaurante Come Prima. Com livros publicados em vários países, incluindo França, Alemanha Itália, Brasil, Croácia e Sérvia, este escritor formado em filosofia, venceu o prémio Jovens Criadores em 2001 e o prémio literário José Saramago sete anos depois, pelo romance As Três Vidas. Neste jantar terá oportunidade de conhecer em pormenor a vida, obra e carreira literária deste homem das letras, bem como aproveitar a ocasião para conversar com os demais participantes.

Para este jantar, o Come Prima preparou um welcome drink: uma flute de Prosecco (espumante italiano). A refeição começa com pão da casa, azeite e funghi ripieni (cogumelos recheados com legumes, fiambre e queijo) como entradas. Como primeiro prato, pode escolher entre um risotto com cogumelos porcini ou ravioli com ricotta, espinafres e natas. Como segundo prato, serão servidos medalhões de vitela branca cozidos a baixa temperatura e panadas, acompanhados por esparguete com tomate e manjericão. O jantar termina com um doce da casa ou tiramisù. O preço deste evento é de 25 euros por pessoa.


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Em Segredo (Catherine McKenzie)

Este é um livro que bipolarizou a minha opinião, levando-a em igual medida a extremos de prazer e desconforto.
Trata-se de um livro muito bem escrito, capaz de transmitir com enorme força a angústia e a tristeza que assolam as pessoas quando estas guardam segredos para com quem elas partilham a vida.
A autora consegue mesmo criar situações de vida credíveis e complexas por estarem cheias de razões que justificam o abatimento e a indiferença em que vivem as personagens.
Isso mesmo impede que se sinta que as personagens são apenas "boas" ou "más" consoante o lado em que estão da traição, que é afinal o tema central do livro.
Todas as personagens têm uma composição que está muito para lá do esterótipo, sobretudo as duas mulheres que não são apenas "a esposa" e "a amante".
Elas são, primeiro que tudo, mulheres com carreiras e família, que acabaram por amar o mesmo homem.
A partir daí a autora consegue facilmente manter o leitor em suspenso e desejoso de saber o que acontece com as duas mulheres que sobram do trio de personagens.
Mas como trio que é, o livro acaba por ser narrado de três pontos de vistas distintos, o de Jeff, o de Claire e o de Tish.
O problema é que Jeff está morto desde o início do livro e a sua presença como narrador perfeitamente equiparado aos restantes retira muita da verosimilhança que o livro vem tendo.
Enquanto se vai lendo o livro como um retrato muito incisivo sobre o casamento e, ao mesmo tempo, sobre o que está em falta na vida das pessoas, está-se também a ler um livro que não explica porque está um homem morto a contar a sua história.
Era importante ter Jeff a falar da relação com as duas mulheres como complemento ao que estas sabem mas, também, como voz masculina em oposição às de Claire e Tish.
Só que a utilidade disso não convence o leitor de que, então, a melhor opção era matá-lo ao fim de poucas páginas.
Outras tragédias, não fatais, poderiam ter resultado no mesmo grau de tristeza das duas mulheres, talvez até com um confronto mais directo entre ambas.
De certa maneira essa opção pelo uso de Jeff acaba por também levar a que a história não pareça tão sólida quanto se esperava.
Por vezes os motivos para a história seguir adiante são ténues e até um pouco forçados, sendo o melhor do livro mesmo os momentos dedicados às revelações das personagens, num desenvolvimento de si mesmas que nos move adiante com elas.
Quando o leitor se consegue render ao livro, este revela o turbilhão de sentimentos que contem, mas para que este se consiga render é necessário lutar com alguma força contra a dúvida que o narrador Jeff suscita.
A opinião dividida acerca do livro vem desta impossibilidade de, ao ler o livro, separar a emoção que as suas palavras transmitem da emoção que a sua estrutura causa.





Autor: Catherine McKenzie


Editora: TopSeller


Páginas: 304


Género: Romance

domingo, 14 de setembro de 2014

Na Pele de Meryl Streep (Mia March)

As irmãs Isabel e June e a prima de ambas, Kat, juntam-se na pousada da mãe de Kat, Lolly e encontram um inesperado tempo de união na projecção de filmes de Meryl Streep.
São mulheres a braços com problemas que lhes parecem impossíveis de resolver e que a levam a encontrar lições de vida em filmes como Kramer contra Kramer ou As Pontes de Madison County.
Todos os que já viram filmes - bons filmes, diria - já sentiram que alguma cena e algum diálogo em particular falava directamente à sua própria vida.
Estas três mulheres, fruto das dificuldades imensas que têm na sua vida privada agarram-se por completo às várias personagens de Meryl Streep para tentarem reconquistar a sua força "feminina".
Na verdade é uma ideia que consegue ser mais plausível do que possa parecer, pois à falta de um tipo de apoio profissional ou especializado, estas mulheres socorrem-se da figura mais forte que está disponível nesse momento.
Não se trata apenas de recorrer a Meryl Streep, trata-se ainda de se reaproximarem enquanto família apesar de em novas não terem sido tão íntimas quanto seria lógico que acontecesse ao serem criadas juntas e tendo perdido os pais.
Se à volta destas mulheres todos parecem incapazes de compreender os seus dramas, a quem podem elas recorrer senão à sua própria família? Mesmo se a relação com esta nunca lhes pareceu a melhor!
Assim vai decorrendo a história, com estas personagens a criarem laços ao mesmo tempo que se descobrem a si mesmas, o que as ajuda a superar os preconceitos que tinham umas com as outras.
Os filmes de Meryl Streep que elas vão vendo não reflectem apenas os dramas das personagens, dão respostas possíveis 
Uma das grandes conquistas de Mia March foi ter conseguido evitar que parecesse que cada uma das mulheres do livro era uma imitação das personagens dos filmes escolhidos.
Meryl Streep através dos seus filmes é quase uma quinta personagem do grupo, com a autora a explorar os filmes de forma muito rica e muito intensa.
Sobretudo porque guarda um mistério acerca de Lolly e África Minha, filme que se recusa a ver de novo, que vai levar a que a reconquista destas mulheres da sua própria vida não seja tão simples como parece ir acontecer ainda a meio do livro.
Pois se o final tem muito de "certinho", certamente feliz creio eu, também é um final forte e credível, o final indicado para o que este livro nos mostrou ao longo das suas páginas.
Acima de tudo, é um final que se gosta de ver acontecer a um conjunto de personagens que Mia March tornou quase reais, fruto de uma narração que vai mudando de voz entre Isabel, June e Kat e que permite que certos momentos se reflictam a partir de vários pontos de vista e, sobretudo, de várias consciências diferentes que levantam mais hipóteses sobre uma personagem do que se fosse ela própria, somente, a reagir.






Autor: Mia March


Editora: Bertrand Editora


Páginas: 344


Género: Romance

sábado, 13 de setembro de 2014

Cine-Literatura

Uma semana em cheio para os leitores que queiram ver cinema!



O mais esperado e apetecível dos filmes desta semana é, certamente, Os Maias - Cenas da Vida Romântica.
Quase nem preciso de dizer mais nada, pois este é uma obra maior da literatura portuguesa e de certeza que todos os leitores já se apaixonaram por ela e a reconhecem com a clássica capa abaixo.


Os não-leitores também a conhecem só que em vez de amor sentem o oposto por um livro tão grande ensinado na escola...
Pode ser que agora João Botelho, que vale a pena recordar também já levou Fernando Pessoa (Filme do Desassossego) e Agustina Bessa-Luís (A Corte do Norte) à tela, consiga levar alguns desses que se limitaram a ler o resumo a sentir-se tentados pelo livro

E quem queira uma capa mais moderna e estilizada pode sempre escolher a edição do Clube do Autor que é o livro da vida de José Eduardo Agualusa.






Quando a O Físico, é uma obra que já gostaria de ter lido de tantos elogios que lhe ouvi e que acho estranho que tenha sido lançada apenas na colecção Biblioteca Sábado.
Entretanto tive oportunidade de ver o filme e é muito interessante, mas não está livre de alguns defeitos, mesmo ao nível da história um pouco convencional demais.
Acredito que o livro seja muito mais substancial nos detalhes e na construção da história, portanto não corro o risco de deixar de o ler por ter visto o filme.







E, finalmente, The Giver - O Doador de Memórias, que na edição da Everest é The Giver - O Dador de Memórias.
Este filme também já o vi e tem uma excelente primeira metade, mas a caminho do acto final as coisas tornam-se apressadas e exageradas.
Mesmo assim vale a pena irem ver e tenho a certeza que a vossa curiosidade para a série de quatro livros que acaba de ser completada pela editora com o volume IV, The Giver - O Filho.




quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A Arte dos Livros (4)

Hoje não vos trago exactamente uma obra de arte a partir de um livro, mas uma grande ideia tem sempre algo de Arte.

Esta é uma campanha publicitária para uma cadeia de livros Israelita - o nome é Steimatzky - e está brilhante!









Também fizeram uns clips para a televisão, e apesar de não serem em inglês são facilmente perceptíveis.

A única dúvida que nos fica era se tal campanha seria possível por cá. Falta saber se há cadeias de livrarias com coragem para isso ou se há pessoas que estejam a ver televisão e que se interessem por lhes mostrarem este tipo de abordagem!




domingo, 7 de setembro de 2014

Envolvidos (Emma Chase)

Entre os romances eróticos que já tive oportunidade de ler ou de me recusar a fazê-lo, parece-me que Envolvidos pode estar entre os melhores.
A principal causa para isso é a forma como a autora entra no cérebro masculino de Drew, um homem cheio de charme, e utiliza detalhes da sua personalidade que o mostram para além do mero
Por exemplo, a sua relação com a família, pormenores que deixam ver que ele não será uma personagem merecedora de uma total censura da parte dos leitores.
Mas, sobretudo, é pelo humor dele que Emma Chase nos conquista por completo e nos faz acreditar no ponto de vista masculino que criou.
Outra causa quase tão importante é o par feminino de Drew, Kate, que não se rende até que ele comece a transformar a forma como usa os seus "poderes masculinos".
O facto dela ser uma mulher forte e decidida - e um pouco teimosa, é verdade - que prefere manter a sua indepência a criar desculpas para o comportamento de Drew é particularmente importante para equilibrar a tão famosa "guerra dos sexos" até que ela termine entre os lençóis.
Com estes dois personagens frente a frente perante tantos erros e tantos desacertos, o que Emma Chase consegue é levar a que Drew evolua e se vá tornando um pouco mais submisso sem deixar de ser ele mesmo.
Uma certa arrogância deliciosamente bem-humorada nunca desaparece mesmo se ele se rende - à paixão, entenda-se - e se torna numa melhor pessoa do que era quando a sua única fidelidade ia para os casos amorosos de uma noite só.
Emma Chase acabou por criar um romance erótico bastante forte do ponto de vista das mulheres, mesmo pela voz de um homem tão machista (a princípio).
Basta reparar nas lições que Drew dá à sua sobrinha, ditas com uma certa falta de sensibilidade masculina mas com toda a perspicácia de quem não a quer transformada numa das mulheres que lhe passaram pelas mãos.
A maneira como ele e a sobrinha falam sobre a Cinderela é algo que nunca me tinha ocorrido e são a causa de alguns dos risos mais fortes que este livro consegue proporcionar.
O que calha muito bem para compensar aquela dose de "lamechice" que é quase inerente à parte romanceada do "rapaz que conhece a rapariga mas que sofre por não a poder ter até que finalmente consegue ficar com ela".
E quando se combina o humor e o sexo, então, a coisa atinge mesmo proporções épicas de excitação (cuidado com as interpretações!) cómica.
Ora vejam lá este exemplo mesmo a fechar o livro, quando o casal já está entre os lençóis e ela exclama:

- Meus Deus! Oh, meu Deus!
Sorrio e acelero o ritmo.
- Não é Deus que te está a foder, querida.
Claro que estou apaixonado, mas ainda sou eu.
- Drew... Drew... isso... Drew!
Assim está melhor.






Autor: Emma Chase


Editora: TopSeller


Páginas: 256


Género: Romance Erótico