quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Dei o Meu Coração a África (Mark Seal)

A visualização de muitos lugares que conhecemos é um factor apelativo que Mark Seal desconsiderou na escrita de Dei o Meu Coração a África. A maioria de nós nunca esteve em África, excepto através dos documentários de vida selvagem, nomeadamente aqueles produzidos por Alan e Joan Root nos anos 50, 60, e 70.
Nesta biografia comovente, Seal conta-nos a vida de Joan Root, sobre o seu casamento com Alan, um cinematógrafo brilhante e temerário, e o seu trágico assassínio, tendo por fundo o grande Vale do Rift em África, um lugar de cenários deslumbrante e gente desesperada.
Assim, o primeiro olhar é sobre Joan Root, que estava apaixonada pelo seu marido e pela sua África nativa onde os animais rodeavam-na assim como ao seu lar.
Ela tinha construído toda uma vida a filmar essa natureza à sua volta em conjunto com o seu marido, realizador multi-galardoado de documentários. Mas após Alan a ter deixado por outra mulher, ele teve necessidade de redescobrir quem era e o por que queria ela lutar na vida. Ela descobriu isso na sua casa – uma pequena quinta de 80 hectares nas margens do Lago Naivasha no Quénia.
Quando estufas industriais que cultivam rosas começaram a florescer nas margens do lago, e caçadores furtivos começaram a invadir a sua terra e a capturar a vida selvagem e os peixes, Joan encontrou uma causa – a de salvar o lago e reabilitar todos aqueles que causavam os maiores danos. O que não sabia é que ao defender este esforço, ela desencadearia toda uma sucessão de acontecimentos que acabaria por conduzir à sua morte brutal.
O autor Mark Seal pegou na vida de uma mulher recatada que não queria nada mais do que viver a sua vida junto a Alan e dos seus animais, e escreveu uma belíssima homenagem. Ele teve acesso às suas muitas cartas e diários e com isso sentimos a leitura como se a própria Joan falasse connosco.
Descobrimos os seus extraordinários talentos para organizar os muitos safaris, viagens de balão e expedições. Bem como de filme documentários fantástico que ela e o marido fizeram juntos. A forma como se expunha ao perigo para que a cena saísse exactamente como desejava. Ela chegava a passar horas intermináveis em locais e condições que a maioria de nós não toleraria.
Também ficamos a saber do desgosto tremendo que teve de suportar – e do qual ela nunca realmente recuperou – quando o amor da sua vida a abandonou por outra mulher. Ela estava sempre com o olhar firmado nos céus à espera do regresso de Alan, de helicóptero, à casa que partilhavam no Lago Naivasha.
Finalmente descobrimos o fim trágico – as invasões da casa, as ameaças feitas a si e à sua propriedade, quando ela por si só procurar salvar o bem mais precioso de todos – a sua terra.
É uma história extraordinária sobre uma mulher discreta, poderosa cuja vida terminou tragicamente, de leitura cativante, mesmo apesar de o desfecho ser conhecido logo no primeiro capítulo. Não há uma palavra de demérito em relação a ela, mas as suas cartas e diário revelam um pouco mais sobre o seu mundo interior.
Um relato com elementos de história, aventura, romance e crime verdadeiramente apaixonante.




Autor: Mark Seal


Editora: Editorial Presença


Páginas: 280


Género: Biografia

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