terça-feira, 28 de junho de 2011

Viagem Extraordinária nas Terras do Conde Drácula – Vol. II (Arthur Ténor)

Esta colecção de Arthur Ténor, tem, em pano de fundo das histórias um conceito bastante original, sobretudo a ideia de pudermos fazer viagens a mundos paralelos através de uma agência de viagens, tal como conhecemos no nosso mundo. Assim somos levados a viajar por mundos diferentes (que neste, segundo volume, são as Terras do Conde Drácula, mas em cada volume é-nos proposto um universo novo a descobrir).
Assim, retomámos a saga do ex-explorador do Imaginário, Thédric Tiber, que passa horas descontraídas, felizes, com a sua elfo amada, Lizlidie, no Reino das Sete Torres, até ao momento em que um acontecimento inesperado o obriga a retomar as suas funções antigas. Tiber recebe a visita inesperada de Siléas Blein, comandante das forças especiais da Unidade de Vigilância e Exploração do Imaginário (USEI).
Assim, apesar das suas resoluções, sai do seu retiro para ajudar o seu antigo chefe, uma vez que ele é a derradeira chance para ajudar Clara Binker, uma diplomata vítima de um acidente de transferências quântica, ela era aguardada numa certa Londres do Imaginário onde se encontraria uma figura muito célebre de todos nós, Sherlock Holmes, mas é Vlad Tepes, o conde Drácula, que a recebe no seu mundo. Thédric é o único terriano apto para fazer face ao terrível conde da noite, uma missão que ele desejava recusar mas que as circunstâncias não lhe dão qualquer outra opção. Sabe que tal missão será nada menos que um confronto directo com a morte.
Viagem Extraordinária nas Terras do Conde Drácula – Vol. II, num primeiro momento surge-nos como um romance dentro desta actual tendência adolescente / jovem adulto, até porque o personagem de Bram Stoker, e da longa lista de seguidores do autor, inspirado num senhor feudal do século XV, está ferozmente em moda, sabido que é que este epifenómeno da Bit-Lit parece encontrar grande aceitação um pouco por todo o mundo. E de modo semelhante, também como uma referência global, encontramos o herói de Arthur Conan Doyle, Sherlock Holmes, outro protagonista que aparece neste segundo volume, sendo inquestionável que ambas as figuras fazem parte do imaginário colectivo contemporâneo e, por isso, avivarem, por si só, a imaginação de cada leitor.
Retomando o ponto inicial, de facto, os universos alternativos, estão na base da intriga principal da série de Arthur Ténor, um ex-professor primário que há alguns anos tornou-se escritor de romances para jovens. O autor conta com uma obra extensa, diversos outros ciclos, todavia ainda em vias de tradução entre nós, ainda assim, olhando para o conjunto, a obra do autor representa uma paleta de cenários muito completa capaz de cativar leitores de idades jovens, com uma apetência para abordar temas e formas próximas da fantasia heróica.
Tendo dito isto, Viagem Extraordinária nas Terras do Conde Drácula – Vol. II destina-se a um público um pouco mais maduro, tendo em conta uma certa complexidade temática (a física quântica, os universos paralelos, as referências literárias) e o próprio vocabulário empregue que encontra-se longe de ser banal e redutor.
Por outro lado há algumas expectativas que podem sair um tanto ao quanto desfasadas, nomeadamente o facto das duas personagens míticas não terem um papel de maior destaque, nomeadamente Sherlock Holmes que se vê muito pouco em acção (as suas capacidades dedutivas são subaproveitadas). E perante estes dois gigantes, o personagem principal parece não ter grande força ou personalidade, uma fanfarronice excessiva, trapalhão, muitas peripécias relatadas com muito humor, difícil de fazer esquecer. E este desfasamento entre as personagens pode ser um tanto ao quanto desconcertante, até porque, por outro lado, o autor manteve as nossas percepções clássicas que temos sobre os vampiros. Encontro bem construída toda a aura de um vampiro essencialmente “maléfico”, uma entidade que assombra as criptas e catacumbas fétidas. Em torno deste personagem temos cenas bem mais dramáticas, tingidas por um romantismo negro, mas com uma personalidade muito monótona.
Por final, podemos dizer que é uma obra cheia de boas ideias, quer para a trama quer para os personagens, mas que mereceriam ser mais desenvolvidas, por exemplo num romance de 400 páginas, mas não podemos duvidar da riqueza das diferentes influências. O texto flui num estilo simples, ligeiro, fazendo-nos com maior ou menor proficiência mergulhar em universos paralelos de um modo bastante fácil de aderir.





Autor: Arthur Ténor


Editora: Europa-América


Páginas: 128


Género: Fantasia

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