terça-feira, 24 de maio de 2011

Lisboa, um Melodrama (Leopoldo Brizuela)

Doze anos depois do estrondoso sucesso da novela Inglaterra, Leopoldo Brizuela vencedor do prémio Clarín e Municipal, regressa com um grande romance que acontece numa noite lisboeta em Novembro de 1942, onde se cruzam amor, política e música. Desta vez Brizuela arrisca uma nova peça para um velho dilema: um romance não serve para mudar o mundo, mas serve para se mudar a si mesmo.
Em primeiro lugar tenho de referir que Leopoldo Brizuela surpreende! O livro Lisboa, Um Melodrama é realmente um melodrama, e apesar da sua homenagem ao cinema dos anos 40, o livro é decididamente moderno na sua concepção e execução. Cheio de sentimentos, emoções e paixões, melodramático, ao autor é pródigo em criar climas de intercâmbio entre as personagens intensamente atraentes.
Lisboa, um melodrama tem a precisão arquitectónica de uma ambiciosa peça de teatro musical. Uma pura ficção de personagens reais e vibrantes com a cadência sentimental e melancólica do fado e do tango.
Neste romance a ficção e a realidade sobrepõem-se. Os tempos incertos e turbulentos da II Guerra Mundial com Lisboa como pano de fundo servem de motivação para a sua emoção, estrutura hábil e prosa extremamente cuidada, cheia de nostalgias, vicissitudes, paixões e ansiedades, e sobretudo, os segredos de uma galeria de personagens variadas.
O trabalho de pesquisa deste autor foi extenso e dei por mim a pesquisar na Internet vários pormenores e referências, com que Brizuela nos vai brindando ao longo do livro. A fusão entre as personagens reais e fictícias é assombrosa, e atrevo-me a dizer que a sua integração no romance foi habilmente conseguida como parte de um conjunto de intrigas, confissões e tragédia épica.
Não posso dizer que tenha gostado tanto de Inglaterra como gostei de Lisboa, um Melodrama, mas o retrato do privado e do político, e a ideia da neutralidade (estatuto que tinham Portugal e Argentina) e de que modo podemos ser neutrais na vida intrigou-me.
Leopoldo Brizuela altera a história para dizer o que quer. Em todo o caso nota-se que o autor trabalha com a imagem que a gente tinha dessa época e usa-a para intuitivamente aproximá-la da verdade histórica.
Não posso também de deixar de salientar que a tradução das Edições Dom Quixote está excelente, tendo em consideração que eles publicaram um livro com diferença de um ano para o original.
Recomendo vivamente a todos os que gostaram dos livros anteriores do autor ou de qualquer um que aprecie um bom romance inteligente onde cruzam amor, política e música. Da minha parte resta-me aguardar ansiosamente pelo próximo romance de Leopoldo Brizuela. É sem duvida um escritor que nos faz pensar e passar bons momentos, ao mesmo tempo que aprendemos que a realidade e ficção também se misturam.




Autor: Alexandra Bullen


Editora: Dom Quixote


Páginas: 728


Género: Romance

4 comentários:

  1. A capa chamou-me a atençao, a sinopse alimentou-a e fiquei indecisa se o havia de comprar ou não... as 700 pág. fizeram-me largar o livro! Mas já vi que vou lá voltar...Gostei da tua opinião.
    Boas leituras!
    http://otempoentreosmeuslivros.blogspot.com

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  2. Acho que fazes muito bem em pegar neste livro.
    Não acabará em desapontamento!
    Boa leitura e obrigado por passares por aqui.
    :)

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  3. Fiquei curioso sobre o livro e gostaria de saber onde posso comprá-lo.
    obrigado

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  4. Olá Wesley!

    Não sei se este site enviará livros para o Brasil: http://www.wook.pt/
    Será que não conheces alguma livraria que encomende livros de Portugal?

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