quarta-feira, 15 de setembro de 2010

À conversa com Linda Gillard (parte 2)


- Como se sentiu quando, finalmente, viu o seu primeiro livro nas prateleiras das livrarias?
- Foi muito excitante – quase surreal – mas não foi nem de perto tão excitante como falar com os leitores que gostaram do meu livro e que quiseram trocar impressões sobre as minhas personagens – especialmente os meus heróis! Eles têm sido muito populares. As leitoras parecem adorar os meus heróis, o que eu acho interessante porque estes homens são imperfeitos e vulneráveis. Não são, de todo, típicos heróis românticos.

- Quanto dos seus livros é inspiração e quanto é trabalho árduo?
- Essa é difícil de responder. Talvez seja 50-50 comigo. De certo que não podia escrever um romance por encomenda, sem inspiração. As minhas intrigas são mais inspiração do que trabalho árduo. As ideias surgem-me de lado nenhum – quase como se os personagens me estivessem a dizer o que escrever. Mas também há muito trabalho envolvido. Um romance levará entre 1 e 2 anos e eu escrevo a tempo inteiro.

- Como é o ambiente no qual escreve?
- Actualmente eu tenho um grande estúdio com vista sobre o mar e sobre a montanha Goatfell. É muito belo. Partilho o estúdio com o meu marido que é um professor reformado. Ele tem um portátil e eu tenho o PC, mas muitas vezes escrevo com lápis numa folha pautada. Gosto de escrever os meus primeiros esboços à mão. Gosto do som do lápis a arranhar o papel e do acto físico de escrever (sou péssima a escrever no teclado).
O estúdio está cheio de livros, plantas, fotografias de família e posters de teatro e tenho um cadeirão muito confortável onde me sento para escrever ou rever o meu trabalho. É um quarto fantástico e tenho muita sorte em ter um local assim para trabalhar.

- Depois de três romance quais são os seus próximos projectos? Tem intenção de escrever noutros géneros ou quer continuar com que o está a fazer agora?
- Acabei mais dois romances e estou agora à procura de editores para eles. Um é bastante como Sonhar as Estrelas mas o outro é um pouco diferente – mais um mistério, mas ainda com uma história de amor. Vou continuar a escrever o mesmo género de livros e penso que vou continuar a situar algumas das minhas histórias na Escócia. O que me interessa são as pessoas, as famílias, as relações.

- Tem consciência a quantas línguas e a quantos países os seus livros já chegaram?
- Sonhar as Estrelas foi vendido para 6 países for a do Reino Unido e é fascinante ver todas as capas diferentes. (A capa portuguesa é a mais bonita até ao momento!) Os Laços que nos Unem, até agora, só foi vendido para Portugal.

- Lê as críticas aos seus livros? Como reage quando não são positivas?
- Leio as críticas e tenho tido sorte. Quase todas as críticas aos meus livros têm sido boas. De facto, muitas delas têm sido críticas entusiastas. Quando tenho uma crítica negativa sinto-me triste, por vezes aborrecida se o crítico não leu o livro em condições. Mas as críticas negativas já não me perturbam realmente. Houve muitas boas críticas e os meus livros ficaram nas listas finais de candidatos a diversos prémios. Sei que não se pode agradar a todos. Ler é demasiado pessoal.

- Há tantos autores a serem publicados hoje em dia… O que acha que a torna única? O que a faz chegar a mais leitores do que os seus colegas escritores?
- Não sei se serei “única”, mas sou certamente pouco usual no sentido em que as minhas heroínas são sempre mulheres maduras quarentonas. Por causa da sua idade estas mulheres já viveram vidas complexas e sabem o que querem da vida. Elas não estão obcecadas com namorados, malas ou vampiros! Eu escrevo sobre mulheres com um passado, com segredos, com grandes problemas a superar, por isso os meus temas são sérios – doença mental, cegueira, incesto, perda de fé, luto – mas escrevo sobre esses temas no contexto de uma história de grande paixão. Também incluo bastante humor. É-me dito que os meus livros não se conseguem interromper. Recebo algumas “queixas” de leitores que ficaram acordados a noite toda para acabarem um dos meus livros!
Suponho que se gostaram de ler Anita Shreve, Carol Shields ou Jodi Picoult, poderão gostar dos meus romances.
Como ocupa os seus tempos livres?
Leio, vejo filmes, passo tempo com a minha filha em Glasgow e faço colchas com remendos. E passo tempo demais no Facebook!

- E para completar esta entrevista, alguma mensagem para os seus leitores portugueses?
- Estou muito entusiasmada por saber que os leitores portugueses apreciaram os meus livros. Nunca estive em Portugal mas espero viajar aí um dia e conhecê-los. Também espero que quando lerem os meus livros queiram vir visitar as lindíssimas ilhas escocesas sobre as quais escrevo.
Também quero agradecer à Joana por me dar esta oportunidade para falar sobre os meus livros.


Assim concluí mais uma entrevista com uma autora cuja obra tenho gostado muito de acompanhar (em breve colocarei aqui a crítica a Sonhar as Estrelas).
Espero que tenham gostado da entrevista e se quiserem deixar o vosso feedback sobre o que gostaram mais e menos, sobre as perguntas que mais vos interessaram e sobre o que posso melhorar para o futuro, agradeço!

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