quarta-feira, 30 de junho de 2010

O Jardim Encantado (Sarah Addison Allen)

Este livro é maravilhoso do inicio ao fim. É de uma leitura muito fácil e rápida, pois mal começamos não conseguimos parar de ler o livro.
Claire é uma rapariga aparentemente normal que trabalha num serviço de catering. Até aqui nada demais, não fosse ela ter uma macieira mágica no seu quintal e uma tia idosa com uma personalidade excêntrica.
No entanto, a vida solitária e rotineira de Claire vai sofrer uma volta de 360 graus como regresso da sua irmã Sidney que não via à dez anos e da filha desta, Bay. É a partir deste momento que o romance ganha uma maior tensão e mistério que envolve o motivo que leva à fuga e ao regresso de Sidney com a sua pequena filha.
Todo o livro se encontra repleto de magia e fortes emoções do inicio ao fim. Todas as personagens estão muito bem construídas e algumas delas são adoráveis e enternecedoras como Evanelle e Bay.
As minhas preferida são sem duvida Evanelle, a tia avô idosa das duas irmãs, que é considerada como meia louca pela população e que passa vida a oferecer a todos presentes estranhos e misteriosos cuja utilidade só no futuro entendem; e a misteriosa macieira que passa a vida pregar partidas aos personagens da história.
Como bónus, no inicio do livro a culinária e as receitas estão presentes de forma intensa o que nos faz lembrar um pouco o livro Chocolate, e que nos seduz ainda mais.




Autor: Sarah Addison Allen


Editora: Quinta Essência


Páginas: 270


Género: Romance

terça-feira, 29 de junho de 2010

O Clã da Loba (Maite Carranza)

Anaid é uma menina de 14 anos mas que parece mais ter dez anos, é pequena, pouco atraente e impopular, mas muito mais inteligente que as outras raparigas da mesma idade. Ao passo que a sua mãe é uma espampanante ruiva bastante fútil e irresponsável. Um dia a sua mãe desaparece e a menina vê-se desamparada sem quem tome conta dele devidamente. É então que descobre que é uma bruxa e que resgatar a mãe apenas depende dela.
Este livro tem uma história envolvente doce e ternurenta. É uma mistura entre a história da Cinderela e diversas mitologia pagãs como as dos índios e ibéricas.
A autora conta a história de uma forma muito simples e despretensiosa, mas envolvendo a dose certa de mistério para deixar o leitor preso até à ultima página, fazendo-o tentar adivinhar qual será a próxima reviravolta da história.
Podemos mesmo considerar que a história de Anaid é uma metáfora para o que acontece a muitas adolescentes que à medida que vão crescendo deixam de ser uma mistura desajeitada e não muito atraente entre criança e adolescente, até que crescem e se conhecem a si próprias.




Autor: Maite Carranza


Editora: Editorial Presença


Páginas: 328


Género: Fantasia

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Trança de Inês (Rosa Lobato de Faria)

Peguei neste este livro julgando que se tratava de um romance semelhante a muitos outros já publicados que descreveria a história de D. Pedro e D. Inês de Castro. Aliás mais não seria de esperar depois de ler a sinopse.
No entanto, quando comecei a ler a história de um tal Pedro, na era contemporânea num manicómio, fiquei abismada e zangada.
Eu adoro toda a mítica história da Inês de Castro e, em geral, detesto adaptações modernas das grandes histórias porque penso o que as torna tão interessantes é precisamente a época e a sociedade particular em que são passadas. E se a história é boa assim para quê recorrer a adaptações que o que fazem geralmente é tirar todo o charme à história original? Por esta minha maneira de pensar era para nem sequer continuar a ler o livro.
Mas devido à grande autora que escreveu e temática ser na mesma sobre D. Inês resolvi dar uma segunda oportunidade ao livro e não me arrependi.
O livro adapta a grande história de Pedro e Inês como se as suas almas reincarnassem ao longo de três períodos do Tempo. O século XIV, do qual conhecemos esta famosa história. O século XX em que Pedro se encontra no manicómio pois o seu grande amor por Inês leva a que enlouqueça quando o seu pai a manda matar, fugindo para tentar viver com o seu corpo morto o amor que não pode viver completamente quando ela vivia. E numa terceira vida, no futuro, em que só os “melhores” se podem reproduzir, as pessoas vivem em função do bem comum e do bem do ambiente.
Surpreendeu-me, gostei bastante do livro que é mais prosa poética e do que prosa e que descreve o romance de Pedro e Inês de forma muito sentida e sentimental - o momento em Pedro foge com Inês é fantástico.
No entanto, a constante nestes três períodos de tempo é o fim de Pedro e Inês, sempre triste e trágico. Penso que a autora poderia ter aproveitado a ideia da reencarnação para lhes dar um final feliz.




Autor: Rosa Lobato Faria


Editora: Biis / Leya


Páginas: 224


Género: Romance

Os colonos (António Trabulo)

Este é um livro que me tocou profundamente. É muito difícil escrever sobre um tema tão complexo como a colonização, sobretudo na área da ficção, sem se cair na tentação de retratar o povo colonizador como o vilão e o povo que é colonizado como vitimas de um povo cruel que se aproveita dele. Mas é isso que acontece com este livro que retrata a época da colonização com uma grande lucidez e que é capaz de nos mergulhar na mentalidade própria da época e nas circunstancias que levaram a que ocorresse a colonização.
Este livro merece todo o mérito por fazer um retrato perfeito da época, desde a complexidade das personagens e da sua maneira de pensar, aos cenários fabulosos de África, passando ainda pelo modo de vida da época, que nos faz sentir que estamos de facto a espreitar por uma janelinha para um tempo distante.
A família de colonos, os Zarco, não são pessoas ricas que vêem explocar África e o povo negro para aumentar ainda mais a sua riqueza, quais sanguessugas. São antes uma família pobre, que por uma necessidade de sobrevivência são obrigados com custo a deixar a sua casa, para ir para uma terra desconhecida que na mentalidade da época era tão portuguesa como a sua ilha. O que os aguarda não é uma vida de luxo, em que poderiam viver sem quaisquer preocupações. É antes uma vida dura, de trabalho árduo e de mais uma vez de luta pela sobrevivência e contra a probreza. O autor não procura ocultar a dureza e até por vezes crueldade desta época, em que colonos sofrem muitas vezes a par dos colonizados . Tudo isto torna o livro bastante realista. Apesar ser uma história de ficção esta pode ter sido uma história muito semelhante há de muitos portugueses desta época
Um livro muito forte e essencial para todos os que quiserem ter uma visão única e sem preconceitos da colonização no século XIX.




Autor: António Trabulo


Editora: Esfera do Caos


Páginas: 216


Género: Romance Histórico

domingo, 27 de junho de 2010

O Feitiço das Trevas - Vencedores do passatempo


Outro passatempo onde as participações aumentaram muito relativamente ao número de leitores que o blog tem.
Os vencedores, neste caso, foram todos mulheres:

Maria Fernanda Castro

Ana Pires Tenente

Carla Sofia Pedreira

Parabéns! Vou avisar os responsáveis para que recebam os livros o mais brevemente possível.

A Sociedade Literária da Tarte de Casca de Batata - Vencedores do passatempo


Neste passatempo aberto a todos os leitores as participações aumentaram exponencialmente. Obrigado a todos, vou pensar nas restrições aos passatempos.
Os vencedores deste passatempo foram os seguintes.

Ricardo Duarte

Paulo Pereira

Sandra Mendes

Parabéns! Durante esta semana colocarei os vossos prémios nos CTT.
Continuem a participar!

Shadow, o Confronto - Vencedor do passatempo


O mais rápido dos seguidores a responder ao desafio foi...

Clube dos Livros

Parabéns! Vou passar os teus dados à editora para receberes o livro em casa.
Continuem a participar!

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A Cidade de Vidro - Passatempo


Para terminar esta semana especial, nada melhor do que um passatempo dedicado a Cassandra Clare e ao seu mais recente livro editado em Portugal.
Para se habilitarem a ganhar, apenas têm de ter estado atentos ao que foi sendo publicado aqui no blog durante esta semana e responder a duas perguntas.
A terceira pergunta é de resposta opcional, mas seria de uma grande ajuda para futuros projectos semelhantes a este.
Os vencedores serão sorteados entre os que tenham as respostas correctas (a terceira resposta não influenciará a escolha). As regras estão no final deste post, como sempre.
Boa sorte a todos e espero que tenham gostado desta semana especial dedica a Cassandra Clare e ao seu excepcional mundo de fantasia!
E, não páro de pedir, fico à espera de todo o género de apreciações, positivas e negativas, à entrevista.
Participem até às 23h59 de dia 2 de Julho.



Regras do passatempo

1) Ser seguidor do blog.
2) Preencher todos os dados solicitados correctamente.
3) Apenas participantes com moradas de Portugal.
4) Apenas uma participação por cada nome, email e morada.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A Cidade de Vidro (Cassandra Clare)

Tenho de confessar que as minhas expectativas para este livro eram muito elevadas. Pelo que já tinha lido dos outros dois, estava sedenta de resposta a mistérios que pareciam nunca mais chegarem...
Bem finalmente chegaram com este fantástico terceiro volume!
Não sei o que vocês acham mas para mim a saga foi ficando cada vez melhor a cada volume que passava.
Neste a autora desvenda finalmente os mistérios que nos perseguiram durante os dois volumes anteriores de forma fenomenal, e finalmente permite-nos concluir um puzzle mental com os pontos principais do enredo, dando-nos uma visão mais global do fantástico mundo dos Caçadores de Sombras.
Adorei o desenvolvimento das personagens e o desfecho perfeito para Jace e Clary. Concordo plenamente com a autora quando diz, que este livro é o mais romântico de todos, tem momentos de partir o coração que nos levam realmente às lágrimas, mas o final feliz de Jace e Clary compensa todos essas lágrimas.
Das personagens gostava de destacar a Clary que se tornou neste livro, definitivamente, a minha preferida, passando de uma rapariga aparentemente frágil para uma heroína cheia de garra e coragem que pode ser mesmo um exemplo para as leitoras adolescentes da autora e não só… A par dela, também as personagens secundárias foram muito bem desenvolvidas, mas sem dúvida que o destaque acapa por se Magus, hilariante, algo mais em que concordo com a autora…
Tal como nos outros livros a acção passa-se a uma velocidade cinematográfica, e batalha final é verdadeiramente épica.
O final foi simplesmente perfeito. Não podia pedir mais de um livro. Só posso dizer que vou sentir muitas saudades destas personagens .


E queria agradecer muito à Cassandra Claire (que é fabulosa) pela entrevista que me permitiu entrar ainda melhor no seu mundo e à editora Planeta por esta fantástica oportunidade.





Autor: Cassandra Clare


Editora: Editora Planeta


Páginas: 406


Género: Fantasia

quarta-feira, 23 de junho de 2010

À conversa com Cassandra Clare (parte 3)

Ainda houve tempo para falar de outros assuntos com a autora. Desde logo, os seus próximos livros.

- Eu sei que o seu próximo projecto se chama Clockwork Angel e passa-se no universo dos Caçadores de Sombras mas na Época Vitoriana. Que tipo de personagens vamos ver aqui?
- Queria contar uma história que fosse paralela aos restantes livros pois precisa de ser independente para os leitores que não os tenham lido.
Somos apresentados ao universo dos Caçadores de Sombras por uma rapariga chamada Tessa, que é uma Warlock e o seu poder é de alterar a sua forma para se parecer com quem quiser.
Quando o irmão dela desaparece, ela tem de recorrer aos Caçadores de Sombras do Instituto Londrino para a ajudarem a encontrá-lo. À medida que o procuram, descobrem esta sociedade secreta chamada Pandemonium Club cujo objectivo é criar um exército de guerreiros mecânicos para destruírem os Caçadores de Sombras, pois os Caçadores de Sombras estão preparados para combater demónios e seres vivos mas não têm protecção contra criaturas que não estejam vivas.

- Que tipo de diferenças podemos esperar relativamente à história?
- Quando disse que queria que Claire fosse uma rapariga forte capaz de se aguentar por si mesma, eu quero que Tessa também o seja mas reflectindo o tempo de onde vem. Para ela há muito mais conflitos relativamente a ser uma mulher e lutar, pois ela foi ensinada a ser uma boa rapariga Vitoriana e a ser submissa, obediente e angélica e depois, descobrir que tem de lutar é muito mais perturbador para ela.
Além disso, Claire é uma Caçadora de Sombras e quando conhece os restantes Caçadores de Sombras eles aceitam-nas de imediato. Tessa é uma Warlock e quando conhece os Caçadores de Sombras, apesar de haver um romance, eles estão proibidos de estarem juntos, pois isto é antes de ser permitido aos Caçadores de Sombras estarem apaixonados ou casarem com criaturas sobrenaturais ou mesmo seres humanos, portanto há essa diferente atitude dos Caçadores de Sombras para com ela.

- E a publicação do livro já está assegurada em Portugal?
- Sim, claro.

- Porquê a época Vitoriana?
- É um dos meus períodos favoritos da História pois estava em evolução muito rápida, tecnológica. No período da Raínha Vitória fomos do tempo de Orgulho e Preconceito para o tempo de todas as comodidades modernas - comboios, electricidade, esgotos.
É um período excitante para colocar um romance.

- E charmoso.
- Sim. É óptimo para um romance pois tudo está ao rubro e em mudança. E também há algo muito romântico na época, com Londres coberta de nevoeiro e chuva, repleta de lugares negros e misteriosos.

- Já agora estou curiosa sobre que época escolheria para viver se pudesse escolher qualquer uma.
- Hum...
Há muitas coisas atractivas sobre o Período da Regência, imediatamente antes da época Vitoriana. Mas há duas coisas que são problemas para mim: nada de antibióticos (risos) e nada de dentistas modernos.
Preocupava-me com isso. Se pudesse levar comigo uma caixa de medicamentos do presente para o passado, então iria viver naquele período da Regência, ali por volta de 1811, o período de Orgulho e Preconceito. Porque adoro a roupa, acho que em muitos sentidos era um período a olhar para o futuro e podia escrever e passear a cavalo.

- Fora do Universo dos Caçadores de Sombras, tem mais algum projecto?
- Bem, estou muito ocupada com os quatro livros que tenho a sair, mas tenho um projecto delineado que é uma actualização de Orgulho e Preconceito passando-se entre adolescentes na Califórnia actual.
Gostava muito de o escrever, tudo depende de quando tiver tempo para isso.


Sabendo que há uma adaptação dos livros da autora a chegar, aproveitei para fazer algumas perguntas.

- Os seus livros têm uma acção frenética, muito ao estilo cinematográfico. Isso não é comum neste tipo de livros. Isso foi intencional?
- Intencional no sentido em que é a forma como visualizo as cenas na minha cabeça, elas tendem a ser como um filme a passar e tento colocar essa sensação em papel para que funcione como um livro para os leitores.

- Algum filme influenciou a sua escrita?
- Diria que houve séries de televisão que me influenciaram, como Buffy, Caçadora de Vampiros e Dark Shadows.
E houve filmes como A Cidade das Crianças Perdidas e Dark City - Cidade Misteriosa que também influenciaram a minha escrita pela forma como encaram o conceito de cidade.

- É uma cinéfila?
- Adoro filmes mas sou uma cinéfila amadora, não consigo discutir filmes de forma muito inteligente, sobre grandes realizadores ou estilos de cinema!

- Que tipo de filmes costuma ver e quais são os seus favoritos?
- O meu realizador favorito é Guillermo del Toro. Um dos meus filmes favoritos é O Labirinto do Fauno.
Gostei muito do que ele fez com o Hellboy, no segundo filme, aquilo que ele fez com o mercado na cidade subterrânea, achei fantástico! Acho que é a mistura do belo e do grotesco que se destaca.
E adoro os filmes do Senhor dos Anéis!

- Sei que há uma adaptação dos seus livros para cinema. Pode dar-nos algumas novidades sobre o projecto?
- Sim, eles acabaram agora o guião. Mas eu estou em Lisboa, portanto só o vou ver quando voltar para casa.

- Como se sente relativamente à adaptação?
-Bem, tenho de esperar até ler o guião. Espero que seja bom. Eu sei que um guião não é uma transcrição exacta do livro, é a interpretação de alguém, mas espero que seja uma interpretação inteligente e apaixonada.
Estou esperançosa pois os produtores que compraram os direitos do meu livro são os mesmo de O Senhor dos Anéis e, portanto, eu sei que eles compreendem a Fantasia.

- E já tem confirmação sobre o realizador?
- Primeiro vem o argumento e depois o realizador. É preciso ter um argumento para mostrar para saber se o querem dirigir.
Mas perguntaram-me quais os realizadores que mais gostava e eu disse Guillermo del Toro e Peter Jackson, porque, claro, o Peter Jackson não anda ocupado com mais nada... (risos)

- Quais os actores que gostava de ver a interpretar as suas personagens?
- É muito engraçado, pois eu estou sempre a responder Johnny Depp e aqui neste hotel (Hotel Flórida, em Lisboa) todos os quartos têm um tema cinematográfico e o tema do meu quarto é o Johnny Depp.
(A editora, Berta Lopes, disse nesta altura que se tratava de um sinal, o que levou a muitos risos e à autora a dizer que era um pouco sinistro.)

- E quer que ele interprete as personagens todas? (risos)
- Bem, ele pode fazer de Claire, se quiser. Seria um espectáculo de um homem só! (risos)
Gostava de ver o Johnny Depp a fazer de Luke, o Robert Downey Jr. a fazer de Valentine e todos os meus fãs querem um actor britânico chamado Alex Pettyfer para interpretar Jace.
Veremos. Eu apoio-os.

- Está a trabalhar como consultora no filme?
- De acordo com o meu contrato eu tenho "Status de Consultora" mas isso, na verdade, significa aquilo que eles quiserem que signifique.


Aproximava-se o final, mas com a conversa tão solta e agradável, ainda houve tempo para algumas curiosidades.

- Há uma mão-cheia de autores portugueses traduzidos para inglês. Já leu alguma coisa?
- Não, penso que não. Não vemos muitas traduções por lá, e de língua portuguesa são mais os autores brasileiros.
Mas a quota de traduções é mesmo muito baixa e há livro que leio em francês que sei que nunca vão estar traduzidos em inglês. Por isso para ler algum autor português teria de aprender português.

- O que gosta de fazer no seu tempo livre?
- Viajar!

- E tem viajado muito. Dos países que já visitou quais gostou mais e quais ainda quer visitar?
- Bem, um dos meus países favoritos é a Inglaterra, pois se escrevi uma série de livros que se passavam lá tenho de gostar do país.
Adorei visitar Espanha e França. Passei seis semanas o ano passado a escrever o quarto livro da série e foi uma óptima experiência, as pessoas são muito simpáticas, a comida é muito boa e tudo é barato. Podia lá ficar para sempre.
E um sítio onde ainda quero ir, Austrália.

- Precisa de muita inspiração e imaginação para os seus livros. Como usa isso no quotidiano?
- Bem, essa é uma pergunta divertida!
Eu tento não guardar as minhas inspiração e imaginação para os livros e tento aplicá-las para outras coisas.
As pessoas perguntam sempre o que faço com o dinheiro dos livros e eu comprei uma casa e decidi construir o interior para reflectir a minha imaginação, por isso eu e o meu noivo estamos a construir uma grande sala que é uma biblioteca cobertas de livros e com as escadas que percorrem a sala toda.
Por isso diria que estou a aplicar a minha imaginação num ambiente onde possa estar o mais confortável possível.

- Que pergunta que nunca lhe foi feita gostaria que lhe fosse feita?
- (risos) Sinto que já me fizeram todas as questões possíveis! (risos)
Vamos dizer que é "Qual a coisa mais surpreendente no meu estilo de escrita?" e vou-te dizer que é o facto de eu só conseguir escrever com dois dedos (e levantou os indicadores).
Escrevo todos os meus livros assim. (Faz o gesto de teclar com os dois dedos.) É o meu segredo.

- E que mensagem quer deixar para os seus leitores portugueses?
- Adoro ter os meus livros traduzidos para português e espero que gostem tanto dos próximos como eu!

terça-feira, 22 de junho de 2010

À conversa com Cassandra Clare (parte 2)

Continuei a falar com a autora sobre o seu percurso como escritora, como se decidiu a escrever e quais as suas influências, além de muitos outros temas relacionados com a edição e com o processo de escrita.
Uma conversa muito rica que só não se prolongou porque o tempo era, obviamente, limitado.

- Antes de ser escritora a tempo inteiro, que fazia?
- Era jornalista. Durante muitos anos escrevi sobre celebridades, filmes, entretenimento, escândalos e boatos.

- Sempre sonhou ser escritora?
- Sim, sempre quis escrever ficção, mesmo quando era aquele género de má jornalista que se tornou jornalista por achar que é mais fácil do que escrever ficção...
Bem, não exactamente mais fácil, mas escrever ficção é demorado, depois tem de se esperar ser publicado mas sem certezas e ser jornalista parece mais seguro.
Fiz isso por uns anos mas depois comecei a escrever ficção novamente, porque é o que eu faço, não podia parar.

- Quais os autores que a influenciaram para se tornar escritora?
- A minha autora favorita é Jane Austen, o meu livro preferido é Orgulho e Preconceito.
Mas os autores que me levaram a escrever Fantasia foram Neil Gaiman, Manuel Mujica Lainez, escritor de The Wandering Unicorn (El unicornio), Philip Pullman que escreveu A Bússola Dourada, J.K. Rowling com o Harry Potter e Anne Rice que escreveu as Crónicas Vampíricas que eu conheço da minha juventude.

- Porque começou a escrever Fantasia?
- Porque foi o género de livros que lia quando crescia e acho que escrevemos para o leitor ideal, o leitor na minha cabeça e eu pensei que este era o livro que eu queria ler com 16 anos e, por isso, fui criá-lo.

- O que lia em termos de Fantasia?
- O Senhor dos Anéis, As Crónicas de Nárnia - que são importantíssimas para nós, não sei se cá é igual -, muita Fantasia britânica para crianças, tudo de Neil Gaiman - era uma grande fã dele -, Angela Carter que escreveu contos de fadas actualizados e só mais tarde é que li Philip Pullman mas foi muito influente na forma como combinar religião e mitologia na Fantasia.

- Sandman também?
- Sandman foi a primeira coisa do Neil Gaiman que li, ele ainda não tinha escrito os livros. E tinha um casaco com o Sandman pintado nas costas.

- Lê muita banda desenhada?
- Sim, adoro graphic novels e é por isso que as minhas personagens são grandes fãs de banda desenhada.
Fables, Y: The Last Man, por exemplo.

- As suas personagens são um pouco similares a heróis de banda desenhada também.
- Acho que os super-homens são heróis modernos. Os Mitos Gregos eram sobre Hércules e Teseu. Agora temos histórias sobre o Homem-Aranha e o Super Homem, cada cultura tem os seus heróis.

- Como é o seu processo de escrita? Tem um horário definido?
- Não um horário em termos de horas, mas em termos de palavras. 2000 palavras por dia.
Às vezes leva uma hora, outras oito horas. Depende do dia.

- Lê outros livros enquanto escreve?
- Bem, não ao mesmo tempo! (risos)

- Queria saber se evita ler durante os períodos de escrita.
- Leio, mas tento ler coisas bastante diferentes do que estou a escrever. Agora estou a escrever o Clockwork Prince e estou a ler policiais modernos. Para não haver influências, tento ler coisas completamente diferentes do que escrevo.

- Usa música para inspiração?
- Sim, muito, pois escrevo muitas vezes em público, em Cafés, por isso uso música para bloquear o ruído. E há uma secção no meu site com a lista das músicas que ouvi enquanto escrevia cada um dos livros.

- É um processo fácil, escrever em público? Ninguém a interrompe?
- Não, em Nova Iorque estão habituados a isso. Eu escrevi todo o Cidade de Vidro num café que fica na 8th Street e tinha um grupo de amigos escritores que iam para lá comigo e sentávamo-nos o dia todo à mesa e íamos pedindo café para os manter feliz e quando o livro saiu e eu dei a primeira sessão de autógrafos, todos os que trabalham no Café vieram e trouxeram café e disseram "Sabemos que precisa de café para aguentar o dia, por isso trouxemos especialmente para si".

- Quanto tempo leva a escrever um livro?
- O primeiro é sempre o mais longo porque estás a aprender a escrever um livro. O primeiro foram dois anos e meio. Agora levo um ano a escrever cada um.

- E o processo de revisão é duro? Longo?
- Sim, quando eu digo um ano a escrever, incluo a revisão. São seis meses para escrever o rascunho e o resto do tempo para rever. Pode ser ainda bastante tempo.

- Em Portugal os autores, muitas vezes não aceitam o trabalho de revisão com os editores. Como é nos EUA?
- Não sei qual será a questão com o Ethos americano mas é muito mal visto não aceitar as opiniões do nosso editor.
A ideia é que o escritor e o editor são uma parceria e já houve editores que se tornaram famosos por ajudarem a criar obras, como o editor do F. Scott Fitzgerald, do J.D. Salinger, o editor que trabalhou com um dos nossos mais famosos contistas, John Carver.
Todos eles são também famosos pelo trabalho que fizeram com esses escritores, por isso a ideia de rejeitar a opinião do editor seria muito mal vista.

- Até que ponto funciona o envolvimento do editor?
- Quando se entrega o livro recebe-se de volta uma carta do editor que pode ter de 12 a 50 páginas com tudo o que pensam do livro, as coisas que acham boas, as que precisam de ser alteradas, os fios narrativos que precisam de ser reforçados.
E depois, em cada página há comentários do editor, "Isto é bom", "Isto não é consistente", "Isto tem de ser corrigido".
Os editores podem fazer toda a diferença num livro. Alguns editores consideram-se artistas da edição.
A minha editora nunca me pediria para alterar algo só para vender mais, mas sei que me pediria que alterasse se achasse que era chato, demasiado longo ou que não se enquadra ali. Ela convenceu-me a mover uma coisa que acontece a um personagem de um livro para outro. Ela ajuda-me muito.

- E nunca discutem?
- Sim, discutimos.

- Mas têm uma boa relação.
-Sim, claro. É considerada uma relação muito importante.
Se nós vamos ter uma reunião sobre o marketing do livro ela estará ao meu lado, pois é o livro é considerado meu e dela. Portanto se não estás a ter uma boa relação com o editor arranjam-te outro pois a ideia é ter uma boa relação entre os dois.

- Será uma diferença geral entre EUA e Europa entre a Arte como uma conjugação entre escritor e leitor e a Arte auto-suficiente, respectivamente.
- Diria que é uma ideia do Autor, a produzir completamente sozinho contra a colaboração. Aqui se calhar tem-se a ideia de uma "Visão" e ela não pode ser alterada.
Há coisas boas e más em ambas as ideias. Porque se ninguém os trava, os artistas podem mesmo "sair dos carris".

- Sente alguma diferença na sua escrita do primeiro para os mais recentes?
- Nunca se é o melhor juíz do próprio trabalho, mas claro que noto que há coisas que se tornaram mais fáceis, truques que se aprendem para enfrentar as partes mais difíceis do livro, coisas que não se devem fazer.... E oiço os conselhos dos meus amigos e isso é útil, mas espera-se sempre que o próximo livro seja melhor que o anterior.

- Quando começa a escrever um livro já sabe como a história vai acabar?
- Sim, quando começo uma série de livros já sei quantos livros serão e como a história irá acabar. E sei o início. O meio é que não.
Sabe-se onde se começa e onde se acabar, é tudo uma questão de encontrar o caminho. Há vários percursos que se podem tomar. Mas se olhar para trás para o esboço da trilogia, é muito similar à forma como ficou na versão final.

- Alguma vez tem dúvidas sobre o caminho que a história tomou?
- Acho que os escritores que só têm dois estados de alma, miserável e em êxtase. Às vezes tudo vai bem e que tudo é brilhante. Outras que tudo o que se escreveu não presta. Por isso é preciso outras pessoas que olhem para o nosso trabalho, um editor.

- Até neste ponto em que é uma autora de sucesso, sente a sua própria pressão e dúvida sobre o seu trabalho?
- Sinto mais a pressão para agradar aos meus leitores, porque quando escrevi o Cidade dos Ossos não tinha leitores e eles não tinham expectativas. Agora sinto que têm expectativas e não os quero desapontar.
Mas às vezes tens de colocar isso de lado e dizer "Eu sei o que é melhor para este livro" e isso é escrever o melhor livro que puder e colocar de lado aquilo que penso que as outras pessoas podem querer.

- Agora que é uma escritora com tantos leitores sente que tem padrões a manter ou consegue escrever apenas pelo prazer sem se preocupar com as questões comerciais?
- Bem, nem sempre é prazer, escrever dá muito trabalho. O único padrão que sinto que tenho de manter é para com os leitores de escrever o livro mais entretido que consiga.
E tenho de esperar que as pessoas gostem porque as pessoas sempre me surpreendem com aquilo que gostam mais no livro e tentar prevê-lo seria um erro.

- O que gosta mais do seu trabalho como escritora?
- Os momentos em que se escreveu alguma coisa e achamos - mesmo que estejamos errados - que temos ali algo de maravilhoso.
E também receber letras de pessoas a dizer que gostaram dos meus livros ou que eles mudaram a vida deles. É muito recompensador.

- Os seus livros são agora um fenómeno mundial. Quando começou a escrever pensou em tal sucesso?
- Não, não! Quando comecei o livro, o que era popular era o Harry Potter. E eu pensei que o meu livro sobre vampiros e demónios não era o que as pessoas estavam a ler. Mas era o que eu queria escrever.
Mas depois vendi-o e levou cerca de dois anos até à editora o lançar, porque eles compram e depois esperam por um espaço na agenda de lançamentos, e nesse período saiu o Eclipse e, de repente, o Harry Potter estava acabado e tudo o que as pessoas queriam era vampiros e lobisomens. Por isso quando o meu livro saiu era o momento ideal, pois todos queriam ler aquele género de coisas mas não havia ainda muitos livros assim.
Portanto, ter tantos leitores foi um choque e na primeira semana que saiu nem quis acreditar que entrou logo na lista do mais vendidos do New York Times. Nem o meu agente. E o meu editor ficou tão surpreso que, de início, nem notou, pois não estavam à espera. Até que, finalmente, alguém telefonou a avisar-me!

- Quão difícil foi o processo de acabar o livro até o ver publicado? E que passos foram necessários?
- Bem, comecei a escrever o livro em 2003 até ao fim de 2004. Encontrei o meu agente através de outra escritora com quem partilhava a mesa do café - o seu nome é Holly Black e escreveu a série chamada As Crónicas de Spiderwick - que me apresentou ao agente dela. Eu mandei-lhe o manuscrito, ele gostou, disse que era muito diferente e que não tinham nada com vampiros. E ele levou-o e vendeu-o. Foi um processo mais rápido do que esperava, foram aí uns seis meses desde que completei o livro até o vender.

- Que conselho dava a alguém a tentar ter uma carreira internacional como a sua?
- Diria para não tentarem seguir tendências, pois não se pode prever quando essa moda vai começar e acabar. Deve escrever aquilo que quer escrever e não se preocupar com o que é popular num determinado momento.

- O que sente de ser publicada em tantos países diferentes?
- É excitante! Gosto sobretudo de ver todas as capas diferentes!
Gostava de ir visitar todos os países onde os livros saem, apesar de por vezes não sabermos nada dos editores de lá. Eu sei que o meu livro foi editado na República Checa mas nunca vi uma cópia nem falei com o editor de lá, não sei se vendeu bem...


Aproveitei depois a já famosa frase da autora de Crepúsculo sobre o universo criado por Cassandra Clare para falar um pouco sobre a Fantasia actualmente publicada.

- Stephenie Meyer fez uma óptima crítica ao seu trabalho. Fiquei com a impressão que são amigas. É verdade?
- Isso é porque ela é muito humorada. Não quero dizer que somos amigas pois soa pretensioso, mas falámos ao telefone e email e simpatizamos uma com a outra.
Ela é uma pessoa muito simpática e divertida e fiquei muito contente quando descobri que ela gostava dos livros dos Caçadores de Sombras porque eu gostei muito do Crepúsculo e nunca terei oportunidade de lho dizer porque ela tem 90 milhões de fãs e nunca poderei falar com ela. Por isso quando consegui falar com ela foi muito bom.

- E o que acha dos livros dela?
- Acho que ela captou perfeitamente o sentimento de se apaixonar pela primeira vez, quando se tem 15 ou 16 anos e sentimos esta coisa que nos consome.
Se alguma vez o sentimos, quando lemos o livros somos levados a recordar tudo e acho isso fascinante.

- Que outros livros de Fantasia actuais recomenda para os seus leitores?
- Os Jogos da Fome, Beautiful Creatures, Sisters Red - que é uma actualização do Capuchinho Vermelho para raparigas que caçam lobisomens, muito divertido -, outro livro chamado Matched.

- Porque acha que a Fantasia Urbana tão associada ao público juvenil?
- Acho que é por incorporar tecnologia usada pelas gerações mais novas. No EUA, Fantasia Urbana está para os leitores de 40 anos e mais novos, adultos e jovens adultos. Envolve tecnologia topo de gama.
Leste o Crepúsculo, certo, no quarto livro eles têm de ir para a batalha e Edward leva o iPod. (risos)
As minhas personagens estão sempre a trocar mensagens, isto é algo com que as gerações mais novas se relacionam, enquanto que, por exemplo, os meus pais nunca mandaram nem nunca mandarão uma mensagem.

- O que torna os seus livros igualmente atractivos para uma audiência mais velha?
- Por uma audiência mais velha estamos ainda a falar de pessoas dos 25 aos 40 anos. Acho que a pessoa mais velha que já me escreveu tinha 90.
Acho que todos eles se podem relacionar com uma história sobre a entrada na idade adulta. Se se é adolescente é isso que estamos a viver no momento. Se se é adulto, é algo que ainda recordamos, que vivemos há pouco tempo.

- Fantasia é cada vez mais popular entre o público. Porque acha que é isso?
- Acho que vai e volta, em ciclos. Algo de excitante sobre escrever na Época Vitoriana foi ser uma época em que a Fantasia estava em alta com o público. Havia uma crença geral em Fadas, no Sobrenatural, em contactar Espíritos. E isso depois esbateu-se mas acabou por voltar a meio do século.
Acho que anda em ciclos, tivemos um ciclo em que estávamos muito mais interessado no realismo e agora voltamos à Fantasia.

- E a crise económica terá alguma relação com isso?
- Bem, o início deste ciclo surgiu antes da crise, com Harry Potter e o retorno a O Senhor dos Anéis, mas acho que a crise ajuda a manter este ciclo vivo, pois as pessoas aproveitam para fugir do quotidiano.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

À conversa com Cassandra Clare (parte 1)

Começámos por falar um pouco com a Cassandra sobre os aspectos turísticos da sua viagem a Portugal.

- O que acha de Portugal, até agora?
- Bem, eu apenas estou cá há um dia mas acho que é muito bonito. Até agora provei muito boa comida, mas acho que ontem, quando cheguei, era feriado?

- Ontem era Domingo.
- Eu caminhei um pouco e não havia ninguém na rua e então pensei "Ninguém vive em Lisboa". (risos)

- Aqui a zona é mais de lojas e hotéis...
- Pois, eu é que não sabia isso, pois não fui eu que fiz as reservas.

- E as pessoas têm andado ansiosas por um pouco de Sol para irem à praia...
- Ah, claro! Mas estava tudo tão sossegado que até me deu um pouco de medo. (risos)

- Então ainda não viu nada das zonas turísticas?
- Não, tenho estado a dar entrevistas desde manhã.

- E terá tempo para ver alguma coisa?
- Sim! Tenho entrevistas hoje e amanhã mas pedi para ter dois dias extras para ver Lisboa e o último jornalista com quem falei disse que tenho de ir a Sintra por ser muito místico.


Depois entrei logo naquilo que verdadeiramente me levou à entrevista e que trouxe a autora ao nosso país, a sua obra.

- Li numa outra entrevista que teve a ideia para a história num salão de tatuagens. Pode dizer-me exactamente como isso aconteceu?
- Uma amiga minha é artista de tatuagens e quando me mudei para Nova Iorque ela levou-me ao seu salão para me mostrar os seus designs e eu perguntei-lhe sobre o seu significado e ela disse-me que eram baseados nas mais antigas tatuagens que conhecemos e que eram usadas por guerreiros de civilizações antigas, que acreditavam que os tornariam fortes e indestrutíveis.
Foi aí que tive a ideia de actualizar essa história, pois ainda usamos tatuagens, e pensei em guerreiros modernos que usam tatuagens mas que, neste caso, resultam realmente.

- E tem alguma tatuagem?
- Não, não tenho tatuagens, tenho medo de fazer uma, o que é engraçado pois os meus livros estão cheios de pessoas cobertas de tatuagens.

- Alguns dos seus cenários, como a Cidade de Ossos, Cinzas e Vidro, fazem-me pensar num estilo um pouco surrealista. Como tem ideias para eles?
- Tive a ideia para a Cidade dos Ossos nas catacumbas de Paris. É uma cidade literalmente feita de ossos.
Vi a Necrópole, a cidade dos mortos, e comecei a pensar como seria tê-la como parte da civilização, com um sentimento muito espiritual, então eu comecei a imaginar a Cidade dos Ossos de forma a ter um aspecto similar mas com um sentimento mágico e estranho, que acho que é o que o torna surreal.

- As suas personagens inspiradas em pessoas que conhece?
- Às vezes sim. Clarey é inspirada na minha amiga que desenha tatuagens, também é muito pequena mas muito teimosa e destemida. Já a vi esmurrar um homem. Sempre achei que seria muito divertido escrever uma personagem que era muito petite mas muito dura.
O Simon, o melhor amigo dela, é um pouco inspirado no meu melhor amigo.
Eu acho que, por vezes, retiras pedaços de pessoas que conheces e combina-los para criar novas personagens.
O único que diria não ser baseado em ninguém que eu conheça é o Jace.

- A maioria dos autores, tirando, por exemplo, o Jorge Luís Borges que escrevia a partir apenas da sua própria mente, escrevem a partir do que conhecem. É difícil escrever a partir do abstracto?
- Bem, dizem que o Marcel Proust vivia como recluso num quarto e escreveu tudo a partir da sua imaginação.

- Eu usei Borges como um exemplo...
- Um bom exemplo!

- E também o Calvino.
- Exactamente o que ia dizer!
Mas é por isso que as suas histórias perduram, eles escrevem histórias sobre o processo de contar histórias! É tudo muito interno, eles não estão a recolher grande coisa do mundo à sua volta. Torna-se uma conversa sobre a intenção do escritor e quanto isso importa.
Acho que todos pegamos em estímulos do mundo exterior, mesmo inconscientemente, e transformamos isso na nossa obra.
Às vezes olho para trás e não sei de onde uma dada imagem surgiu.

- Com qual das suas personagens se identifica mais?
- Simon.

- Porquê?
- Bem, ele é o rapaz comum, ele não tem magia ou poderes, mas tem uma grande imaginação!

- Mas depois transformou-o num vampiro...
- Bem, identifico-me até um certo ponto. (risos) Depois disso...
Ele é uma vampiro relutante. Ele não quer ser vampiro, quer ser um rapaz comum.
Quando primeiro o encontramos, ele é o único que é uma pessoa normal e ele tem uma enorme imaginação.
Sempre sonhou que haveria magia e vampiros e lobisomens à solta, e quando ele descobre isso fica muito excitado. E eu sempre achei que se descobrisse isso não teria medo ou raiva, mas ficaria contente e excitada!

- E qual é a sua favorita?
- Não tenho uma personagem favorita, pois isso é como perguntar que filho se ama mais, mas a personagem mais divertida de escrever é Magnus Bane, pois ele está sempre em festa. (risos)

- Claire é uma jovem que, perante os desafios da sua vida, é forçada a tornar-se independente muito nova. Vê-a como modelo para as suas leitoras adolescentes?
- Eu espero que as minhas leitoras adolescentes não tenham de enfrentar esse género de perigos, mas espero realmente que a Claire seja o modelo de uma rapariga forte que não precise de ser salva por um rapaz. Ela é que está sempre a salvá-lo a ele.

- Num certo ponto da história entre Claire e Jace eles acreditam estar a partilhar um amor incestuoso. Considerou a possibilidade de os tornar realmente irmãos?
- Apenas ocasionalmente quando recebia cartas de pessoas a dizer "Estou tão zangada que Claire e Jace sejam irmãos e nunca mais vou ler os seus livros!" e então dizia "Talvez os faça mesmo irmãos"! (risos) Mas eu já sabia que eles não eram.
As pistas estão todas lá desde o início. Claire tem um irmão, se não é o Jace tem de ser alguém, daqui que surja Sebastian.

- E como teria terminado o romance se eles fossem irmãos?
- Fugir juntos? Hum...
A ideia da história surgiu-me porque li um artigo de jornal sobre duas pessoas que estavam apaixonadas e iam casar, mas nos EUA tem de se fazer um teste sanguíneo antes de se casar, e durante esse teste descobriram serem irmão e irmã. E eu pensei que era tal e qual uma tragédia grega!
Por isso se tivesse de os tornar irmão e irmã, provavelmente teria juntado-os por pouco tempo e depois matado um deles, porque não vejo forma de terminar essa história sem ser em tragédia.

- Disse que recebe cartas com alguma raiva. Nos EUA onde ainda há pressão de comunidades muito conservadoras, como lida com a pressão?
- Eu recebo mais cartas sobre as minhas personagens homossexuais do que sobre as minhas personagens a viver um amor incestuoso! Eu acho isso sempre muito estranho... (risos)

- Pois...
- O incesto é um tema que vai até muito atrás, até à Mitologia, muitos livros óptimos têm o incesto como tema. Terminei agora o livro A Sombra do Vento de Carlos Ruiz Zafón que tem o incesto como tema central e há muitos livros como esse.
Acho que é um tema perfeitamente aceitável para se escrever mas acho estranho ter mais cartas de protesto quanto às minhas personagens homossexuais do que quanto ao incesto.
Mas é uma "coisa" americana.

- E no resto do mundo?
- Ninguém se importa! (risos)

- Desde que a história seja boa...
- Eles adoram as personagens homossexuais. Acabei de vir de Espanha onde dei autógrafos e as pessoas vestiam-se como elas e queriam falar da relação entre eles. Estavam contentes, ninguém tinha problemas com isso.

- Curiosamente, em Portugal, o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi aprovado mas ainda há muitas pessoas descontentes a quererem anular a situação.
- Oh, não aceitem isso! Na Califórnia votaram primeiro Sim ao casamento entre pessoas do mesmo sexo mas depois repetiram a votação e o Não ganhou, então todas as pessoas já casadas permaneceram casadas mas mais ninguém se pode casar!

- Voltando aos seus livros, qual dos três gostou mais de escrever?
- O último porque foi o mais divertido. Sempre quis escrever uma grande batalha. E também é o mais romântico.

domingo, 20 de junho de 2010

A Sociedade Literária da Tarte de Casca de Batata - Passatempo


Tenho hoje um imenso prazer em oferecer a três leitores um exemplar deste livro de que tanto gostei. Basta responderem correctamente às três perguntas abaixo (cuja resposta podem encontrar facilmente na crítica que fiz ao livro) e serem um dos sorteados!
Não deixem de participar até dia 26 de Junho, pois esta será uma leitura que vos surpreenderá!



Regras do passatempo

1) Preencher todos os dados solicitados correctamente.
2) Apenas participantes com moradas de Portugal.
3) Apenas uma participação por cada nome, email e morada.

A Sociedade Literária da Tarte de Casca de Batata (Annie Barrows e Mary Ann Shaffer)

Tenho de confessar que o título deste livro me deixou deveras curiosa. E pensei “mas quem é que na plenitude da sua sanidade mental vai dar este nome a um livro”?
Porque geralmente os livros tem títulos pequenos e chamativos. Percebi logo que este era um livro diferente dos outros, que usava um titulo assim para deixar o leitor curioso para ver o que está por trás dele, ao que a sinopse deveras agradável ajuda.
Este livro é em parte póstumo pois a escritora que o estava a escrever faleceu antes de o conseguir acabar. Assim foi a sobrinha que teve de o terminar, tornando-se assim co-autora do livro. No entanto a escrita é bastante uniforme e natural não sendo possível distrinçar onde começou uma autora e onde terminou outra, o que muitas vezes acontece em livros semelhantes, o que poderia afectar a qualidade da história.
Outra peculiaridade deste livro é que ele é escrito em forma epistolar, ou seja em forma de cartas da personagem principal Juliet, para os habitantes de uma ilha perto do Canal chamada Guernsey, para as suas amigas e para o seu irmão. Este formato permite uma leitura fácil, rápida e aditiva.
Esta história passa-se no período após a segunda Guerra Mundial e conta como os habitantes da ilha de Guernsey enfrentaram a guerra com a ajuda da sua curiosa sociedade. Devido ao livro se passar nesta época particularmente difícil seria de esperar que o livro se tornasse triste e pesado. O que surpreendentemente não acontece porque o livro é leve e cândido e põe-nos um sorriso no rosto mesmo falando de temas tão sérios.
Este livro faz também com que qualquer amante da literatura se identifique com as personagens do livro, pois é o seu amor aos livros que lhes permite manterem-se unidos e ultrapassarem os momentos mais traumáticos, talvez seja isso que torna os personagens deste livro tão palpáveis e reais aos olhos do leitor,
Numa palavra: adorei!




Autor: Annie Barrows e Mary Ann Shaffer


Editora: Objectiva


Páginas: 448


Género: Romance epistolar

sábado, 19 de junho de 2010

Shadow, o Confronto - Passatempo


“Shadow, o Confronto” é o livro de estreia desta jovem escritora, que nos transporta para um mundo de magia, fantasia e mistério, povoado de elfos, duendes e gnomos, criaturas de um mundo fantástico e deslumbrante, no qual imperam sonhos, aventuras e emoções.
Enredados em incríveis jogos de poder, autênticos labirintos sufocantes que os obrigam a ultrapassar inúmeros obstáculos, Shadow e Niadji aprendem o valor da lealdade, da abnegação e, acima de tudo, do amor, assente na partilha e na cumplicidade.
Auxiliados por um cortejo de figuras fascinantes, vivendo aventuras mirabolantes e absolutamente surreais, em que o Bem e o Mal se confundem e se misturam vezes sem conta, fazendo-os questionar-se sobre a essência do Ser, os dois jovens emaranham-se nas suas próprias emoções, culminando na verdadeira descoberta do seu íntimo.

Aqui está mais um passatempo exclusivo para os seguidores. Tenho um exemplar para oferecer de Shadow, o Confronto.
O vencedor, desta vez, será o primeiro a responder correctamente às duas perguntas que estão no formulário.
Participem até às 18h00 de amanhã, dia 20 de Junho!


Regras do passatempo

1) Ser seguidor do blog.
2) Preencher todos os dados solicitados correctamente.
3) Apenas participantes com moradas de Portugal.
4) Apenas uma participação por cada nome, email e morada.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Shadow, o Confronto (Joana Miguel Ferreira)

É extraordinário que a autora tenha começado a escrever um livro desta envergadura tão jovem, embora a sua escrita seja simples e talvez até um pouco juvenil como é natural, sem dúvida este livro destaca-se pela sua originalidade.
Nos livros de fantasia em que muitos são pouco mais que ideias copiadas de outros, principalmente no género juvenil, e outros para se destacarem têm de recorrer a grandes enredos, demasiado complexos e por vezes até confusos perdendo assim o âmago da história, este livro surpreende-nos pela sua originalidade, frescura e simplicidade que nos faz relembrar os tradicionais contos de fadas que não precisam de grandes malabarismos ou floreados para prender e encantar o leitor.
A história é muito boa, só é pena a autora não ter optado por a ter desenvolvido um pouco mais, pois é um pouco pequena e penso que a autora tinha aqui muito material que podia ter explorado mais a fundo.
Adorei a aura de mistério que rodeia toda história sobre a origem de Shadow, que nos faz muitas vezes ficar a divagar e tentar encontrar as nossas próprias soluções para o mistério.
O final é, de facto muito bom, por ser um choque a todas as nossas expectativas e ter um efeito de total surpresa para o leitor.
Estou curiosa para o desenvolvimento da escrita desta jovem e talentosa escritora.




Autor: Joana Miguel Ferreira


Editora: Papiro Editora


Páginas: 200


Género: Fantasia

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Especial Cassandra Clare


A Editora Planeta trouxe esta semana a Portugal a autora Cassandra Clare que é um sucesso em todo o mundo e que em Portugal vem criando uma sólida legião de fãs.
Tive a oportunidade de falar com ela numa entrevista que correu muito bem e onde a autora se revelou extremamente simpática e igualmente culta.
A conversa, pois foi disso que acabou por se tratar, mais do que uma entrevista, valeu muito a pena e acho que todos os fãs, bem como aqueles que ainda têm dúvidas sobre se devem ler os livros da autora, ficarão muito satisfeitos com aquilo que a autora tem a dizer.
Até que comece a semana dedicada por inteiro à autora, podem ir lendo a crítica a Cidade dos Ossos e Cidade das Cinzas.
E fiquem atentos à próxima semana pois valerá a pena e haverá surpresas!

Destaques Planeta

A um génio literário e uma obra incacaba junta-se a imaginação de Matthew Pearl e um mistério que promete cativar o leitor. O resultado é O Livro Incacabado de Dickens, um livro altamente elogiado e que poucos deixarão de ler!



Quando morreu, em 1870, Charles Dickens estava a escrever O Mistério de Edwin Drood, um romance policial, novidade na altura, a pedido do seu amigo Wilkie Collins. Com 6 capítulos finalizados, a história ia apenas a meio. Como quereria Dickens terminá-la ninguém sabe, embora muito se tenha especulado desde então.
Em O Livro Inacabado de Dickens, Matthew Pearl parte deste acontecimento inesperado para recriar a Londres vitoriana, com capas e bengalas e candeeiros a gás, para mergulhar nos antros de ópio da cidade londrina, para desmontar a pirataria e a rivalidade literária entre Boston e Londres e para rever toda a obra do grande romancista inglês. Tudo isto ganha vida no romance de Matthew Pearl.
Fazendo uso de flashbacks, o autor vai intercalando figuras históricas, como Osgoog, editor da Fields & Osgood, com personagens ficcionadas, factos reais com situações imaginadas, muita intriga, homicídios, reviravoltas inesperadas e até um louco que diz que se chama Dick Datchery, uma personagem do romance incompleto de Dickens.
Quando a notícia da morte inesperada de Dickens chega aos escritórios da sua editora em Boston, Osgoog decide partir para Londres na esperança de encontrar o manuscrito de Dickens. Para ele, não se trata apenas de resolver um mistério mas também de uma tentativa de salvar a sua editora da ruína financeira em que se encontra.
Mas localizar a continuação do romance de Dickens revela-se mais difícil e perigoso do que Osgood inicialmente previra. E, afinal, haverá conclusão para a história iniciada por Dickens?
Charles Dickens é um nome incontornável da literatura anglo-saxónica. Os títulos dos seus livros formam uma enorme lista de êxitos, Oliver Twist, David Copperfield e Grandes Esperanças, entre outros.

Destaques Presença

Desde o início dos tempos que os nefilins, a raça que descende de anjos e humanos, procura dominar a humanidade semeando o medo, provocando guerras e infiltrando-se nas mais poderosas e influentes famílias da história. Apenas a sociedade secreta de angelologistas, com os seus conhecimentos ancestrais, tem conseguido detê-los. Agora, a Irmã Evangeline do Convento de Santa Rosa, no estado de Nova Iorque, está prestes a juntar-se a eles. Mas conseguirá ela resistir ao imenso poder dos nefilins e evitar o apocalipse? Uma narrativa vigorosa, complexa e inteligente que funde elementos bíblicos, míticos e históricos e envolve o leitor da primeira à última página.



Depois dos vampiros terem ocupado os escaparates nos últimos anos, este promete ser o tempo dos anjos.
Angelologia parece ser um dos títulos mais interessantes na vaga que se aproxima.
Só acho pena que a Presença tenha tido de colocar o livro na sua colecção Via Láctea que acaba por receber todas as obras de fantasia da editora mas que continua a parecer ter uma vocação juvenil. E acho que, pelo contrário, este livro encontrará um público muito diversificado.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Testemunho (Anita Shreve)

Este livro tem um tema bastante polémico e quando começamos a ler ficamos, definitivamente, sem saber exactamente o que pode sair de um livro com uma sinopse tão arrojada.
Num colégio elitista onde se valorizam muitas as aparências e a boa reputação dos alunos pois deles depende a do colégio ocorre uma orgia entre Sienna uma menina de 14 anos e três rapazes maiores de idade. Tudo não teria passado de uma experiência sexual (apesar de um pouco extrema) senão tivesse sido filmada e levada ao director e depois ter sido divulgada através da internet.
Os jovens que participam na orgia com Sienna são detidos apesar de alegarem que foi ela que os provocou, o caso é considerado de abuso sexual de uma menor por os outros três jovens já serem maiores.
Assim uma situação que podia ser uma experiencia quase inócua vai provocar um furacão não apenas na vida dos jovens que tomaram parte nela, mas também dos seus, assim como da pequena comunidade que fazem parte.
O inovador neste livro, para além da ousadia do tema, é a história ser contada por vários pontos de vista, não apenas dos jovens envolvidos, mas também dos seus pais e de parte da comunidade. Esta mudança constante de perspectivas contribuiu em muito para o enriquecimento da história, pois permite-nos entender os vários lados da história de uma forma muito mais abrangente e as desastrosas consequências que terá a descoberta desta orgia.
O livro está extremamente bem escrito e é de uma grande arrojo e ousadia, proporcionando ao leitor uma leitura viciante , que não admite longas pausas.




Autor: Anita Shreve


Editora: Porto Editora


Páginas: 288


Género: Romance

terça-feira, 15 de junho de 2010

Observações (Jane Harris)

Não sei muito bem como definir este livro. É de facto um romance histórico ocorrido na época victoriana, mas têm muitos elementos de thriller, mistério e até de humor satírico. O que posso dizer é que este livro é único e que com certeza vai agradar a um público muito abrangente, pois tem um pouco de tudo para todos os gostos.
A narradora deste fantástica e inusitada história é Bessy, uma adolescente que foge da mãe, uma mulher sem qualquer escrúpulo que a vendia para exploração sexual. A rapariga acaba por encontrar emprego numa mansão rural degradada como empregada da bela e excêntrica Arabella que estuda as empregadas como cobaias e anota os seus registos num pequeno livro chamado Observações. A história do livro anda toda à volta da relação entre as duas com umas breves referências ao passado de Bessy.
A narrativa pelo ponto de vista da personagem é adorável, ora alegre, ora triste, ora infantil, ora lúcido. As duas personagens principais tem imensas facetas que são ricamente exploradas ao longo do livro, tornando-o num romance histórico muito diferente dos habituais.
Gostei também bastante do lado satírico do livro que através da personagem de Bessy caricatura muito dos valores morais, costumes e ordem hierárquica da sociedade victoriana.
Este livro irá, por todas as suas qualidades e pela sua diversidade, agradar a todos os leitores.




Autor: Jane Harris


Editora: Editorial Presença


Páginas: 448


Género: Romance/Romance Histórico

segunda-feira, 14 de junho de 2010

A cirurgia do prazer - Vencedores do Passatempo


Tive de escolher entre um conjunto de participações muito originais mas acabei por chegar a três vencedores.

zezito

celestebernardo

elsa

Parabéns! Vou passar os vossos dados à editora para receberem o vossolivro em casa.
Continuem a participar!

Destaques Europa-América

A Europa-América tem, este mês, um conjunto muito interessante de propostas.
Desde logo, a continuação da reedição dos títulos de Anne Rice, agora prontos a conquistar toda uma nova geração que ainda não experimentou o melhor da ficção sobre vampiros.
Três novos títulos na recém-recuperada colecção de livros de bolso, três autores incontornáveis da literatura mundial a preços acessíveis.
Tom Sawyer a assinalar o centenário da morte de Mark Twain e uma história em torno da juventude de Jesus completam o leque de propostas que, acho, não se devem perder.



Lestat, personagem de Entrevista com o Vampiro, tem uma história para contar. O segundo volume da saga «Crónicas dos Vampiros» acompanha Lestat ao longo de várias eras, à medida que ele procura as suas origens e desvenda o segredo da sua obscura imortalidade.
Extravagante e apaixonado, Lestat mergulha nos lascivos lupanares de Paris do século XVIII, na Inglaterra dos druidas e na Nova Orleães finissecular. Após um sono profundo de cinquenta e cinco anos, Lestat está fascinado pelo mundo moderno. Quando quebra o código de honra dos vampiros, que lhes impõe o silêncio sobre a sua condição, Lestat revela-se na esperança de que os imortais se ergam e se unam para descobrirem o mistério da sua existência. E é então que Lestat, o caçador, se transforma numa presa.
Anne Rice é a autora consagrada de vários best-sellers na área da literatura de fantasia e gótica. Entre êxitos como A Rainha dos Malditos e A Hora das Bruxas, alcançou a notoriedade com Entrevista com o Vampiro, um clássico que redefiniu e foi adaptado ao cinema por Neil Jordan.










Issa… a história da juventude de Jesus.
A milhares de quilómetros de Belém, duas forças poderosas e enigmáticas
estão prestes a encontrar-se. Os Kushans. Uma civilização perdida da Ásia Central com uma ordem secreta portadora do Sinete e possuidora do poder dos Antigos. Jesus. O jovem que abandonou a pátria e a família pela Índia… e viria a tornar-se o Salvador do mundo. Poderá a convergência entre o reino perdido dos Kushans e os «anos desconhecidos» de Jesus esclarecer o mundo moderno?
Issa: A Maior História Nunca Contada é uma crónica dessa extraordinária convergência, que tece uma dramática tapeçaria composta de pessoas, lugares e acontecimentos, cujos fios incluem o pequeno Jesus, conhecido no Oriente como Santo Issa, Maitreya, o Buda Vindouro, a família real dos Kushans, um dos Três Reis Magos e muitos outros.
Lois Drake trabalha há mais de vinte anos nas áreas do marketing e da publicidade. Nascida e criada no Sul da Califórnia, tem viajado bastante e também exerceu funções de professora primária no Alasca e na Finlândia.
Tornou-se fascinada pelos primeiros anos de Jesus depois de ler acerca da sua viagem ao Oriente, na obra Os Anos Desconhecidos de Cristo, de Elizabeth Clare Prophet. Ela ficou especialmente intrigada com a possibilidade da intersecção das viagens de Jesus pela Índia com a misteriosa raça Kushan.
É uma apaixonada pelo Tibete e a sua antiga cultura. Tem feito numerosas viagens ao Tibete na companhia do seu marido e juntos fundaram a Friendship Homes and Schools, uma organização sem fins lucrativos que começou por prestar assistência aos órfãos no Tibete e em zonas remotas da China.
A Sr.ª Drake, uma contadora de histórias talentosa, que adora escrever histórias para crianças e adultos com uma mensagem espiritual, vive em Prescott, no Arizona.

As Aventuras de Tom Sawyer (1876), o clássico de Mark Twain, narra as aventuras de um jovem rapaz no Sul dos EUA, antes da Guerra da Secessão.
Tom vive com a sua tia Polly e o seu meio-irmão Sid na cidade de St. Petersburg, nas margens do Mississípi. Em várias tropelias e aventuras, Tom e os seus amigos procuram tesouros em casas assombradas, escondem-se numa ilha deserta e anseiam ser piratas e ladrões. E quando Tom e Huck visitam à noite um cemitério, pois crêem que tal passeio é uma cura milagrosa para as verrugas, e testemunham um assassinato, não têm outro remédio senão fugir de St. Petersburg.
Obra clássica de Mark Twain, As Aventuras de Tom Sawyer é um dos mais vivos retratos das aventuras da infância e da juventude e conserva a sua frescura e vivacidade. Em suma, uma obra intemporal.
Mark Twain é o pseudónimo literário de Samuel Langhorne Clemens (1835-1910), popular autor americano e jornalista famoso pelo seu humor. Foi tipógrafo e piloto de barcos a vapor no Mississípi durante a guerra civil americana. Escreveu livros de viagens e celebrizou-se com as obras As Aventuras de Tom Sawyer e As Aventuras de Huckleberry Finn.








«Billy Budd: o Marinheiro antecipa o modernismo pela sua forma, pela miríade de géneros e pela sua abrangência.» David Kirby

Autor de Moby Dick, A Baleia Branca (Publicações Europa-América, colecção «Clássicos»), obra considerada como o maior romance americano, Herman Melville (1819-1891) foi sem dúvida um dos grandes romancistas, contistas, ensaístas e poetas da literatura do século XIX.
As suas duas primeiras obras atraíram muito a atenção do público e a obra Billy Budd: o Marinheiro (1924 — edição póstuma) não é excepção, muito pelo contrário, é uma das obras mais controversas que foram escritas no século XIX.
Testamento final de Melville, Billy Budd é, deste modo, uma fábula política e social, reveladora de várias facetas de uma época na qual vive um jovem e inocente marinheiro que se alistara à força num navio de guerra britânico, na altura da Revolução Francesa. Injustamente acusado de instigar uma rebelião, Billy tem de enfrentar um universo exclusivamente masculino em que as relações de poder se aguçam, ao ponto de o jovem marinheiro matar o delator Claggart diante do seu capitão Vere.
Inocente, Billy, cuja voz estava silenciada pela emoção, terá o destino ditado pela incontornável lei da Marinha: a morte.






«Uma súbita comoção de ansiosa impaciência percorreu as minhas veias e deu-me uma tal sensação de intensidade de vida como eu nunca sentira até então.»
Escrito em 1915, O Limiar da Sombra é baseado em acontecimentos e experiências que Conrad vivera vinte e sete anos antes e aos quais regressava obsessivamente na sua escrita. Um primeiro comando de um jovem comandante traz consigo uma série de crises: um mar sereno, a tripulação doente e um primeiro-imediato tresloucado que está convencido de que o navio é assombrado pelo espírito tenebroso de um antigo capitão.
É realmente uma obra de «súbita comoção», na qual Conrad consegue transmitir a pura intensidade de vida de um homem que, nas palavras do velho capitão Giles, está preparado para «enfrentar os seus erros, a sua má sorte, a sua consciência». Análise subtil e penetrante da natureza da Humanidade, O Limiar da Sombra investiga a masculinidade e o desejo num subtexto que contrapõe a superfície aparentemente convencional.
Joseph Conrad é um romancista e contista inglês de origem polaca. Nasceu em 1857 e morreu em 1924. Começou a escrever aos 30 anos, após ter servido na Marinha Mercante. Esta sua vivência foi determinante para alguns traços característicos da sua escrita, nomeadamente a predilecção pelo mar, pelas paisagens exóticas e pelo tema da heroicidade, tratado sempre com um certo cepticismo. Conrad é autor, entre outras obras, de Lord Jim (1900), O Coração das Trevas (1902), Nostromo (1904), O Agente Secreto (1907) e A Estalagem das Duas Bruxas (1913), todos publicados pela Europa-América.






O Roubo do Elefante Branco, originalmente um conto publicado em 1882, narra a história peculiar de Hassan Ben Selim Ebu Bhudpoor, um elefante branco que percorre o longo caminho que separa a Índia da Inglaterra.
Quando a corpulenta oferenda do rei do Sião à monarca inglesa desaparece em Nova Jérsia, resta ao inspector nova-iorquino Blunt e às suas forças policiais descobrir o paradeiro do infeliz Hassan.
Mark Twain é o pseudónimo literário de Samuel Langhorne Clemens (1835-1910), popular autor americano e jornalista famoso pelo seu humor. Foi tipógrafo e piloto de barcos a vapor no Mississípi durante a guerra civil americana.
Escreveu livros de viagens e celebrizou-se com as obras As Aventuras de Tom Sawyer e As Aventuras de Huckleberry Finn.