Este é um livro que me tocou profundamente. É muito difícil escrever sobre um tema tão complexo como a colonização, sobretudo na área da ficção, sem se cair na tentação de retratar o povo colonizador como o vilão e o povo que é colonizado como vitimas de um povo cruel que se aproveita dele. Mas é isso que acontece com este livro que retrata a época da colonização com uma grande lucidez e que é capaz de nos mergulhar na mentalidade própria da época e nas circunstancias que levaram a que ocorresse a colonização.
Este livro merece todo o mérito por fazer um retrato perfeito da época, desde a complexidade das personagens e da sua maneira de pensar, aos cenários fabulosos de África, passando ainda pelo modo de vida da época, que nos faz sentir que estamos de facto a espreitar por uma janelinha para um tempo distante.
A família de colonos, os Zarco, não são pessoas ricas que vêem explocar África e o povo negro para aumentar ainda mais a sua riqueza, quais sanguessugas. São antes uma família pobre, que por uma necessidade de sobrevivência são obrigados com custo a deixar a sua casa, para ir para uma terra desconhecida que na mentalidade da época era tão portuguesa como a sua ilha. O que os aguarda não é uma vida de luxo, em que poderiam viver sem quaisquer preocupações. É antes uma vida dura, de trabalho árduo e de mais uma vez de luta pela sobrevivência e contra a probreza. O autor não procura ocultar a dureza e até por vezes crueldade desta época, em que colonos sofrem muitas vezes a par dos colonizados . Tudo isto torna o livro bastante realista. Apesar ser uma história de ficção esta pode ter sido uma história muito semelhante há de muitos portugueses desta época
Um livro muito forte e essencial para todos os que quiserem ter uma visão única e sem preconceitos da colonização no século XIX.
Autor: António Trabulo
Editora: Esfera do Caos
Páginas: 216
Género: Romance Histórico
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