Flores de Outono é constituído, na sua grande maioria, por sonetos. Está dividido em duas partes, cuja diferença reside no carácter mais ou menos intimista da poesia, sendo a primeira de cariz existencial, onde o poeta se auto caracteriza na sua relação com o mundo, e a segunda, de cariz mais reflexivo, onde o poema é espelho da realidade que se observa.
Graça Fernandes acentua as transformações que sofreram os principais órgãos de comunicação social e os ataques de que os mesmos foram alvo devido às alterações de regime (da Monarquia para a República) e, mesmo, dentro do regime republicano, aquando de governos totalitários e ditatoriais, como o de Sidónio Pais.
Refere ainda a autora alguns dos nomes dos principais média conotados com diferentes áreas sociais, como no caso dos que trataram da emancipação da mulher, do cinema e também do desporto.
Finalmente, no sentido de apresentar uma panorâmica mais precisa do ambiente político coevo, seleccionou dois jornais – A Monarquia e o República, que lutavam com as suas próprias armas pela defesa dos “puros” ideais que perfilhavam.
Através da leitura de variadíssimas notícias desses jornais, cujo conteúdo sintetizou, será fácil ao leitor tirar as ilações mais contundentes sobre as forças que então se digladiavam no terreno.
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Nas páginas que seguem, o leitor vai descobrir e receber toda a informação necessária para entrar e seguir os contornos em que os protagonistas — dois jornais em campos políticos opostos — desenvolvem a sua acção, mas, sobretudo, a meu ver, vai confrontar-se com algo que hoje, embora não fazendo parte do discurso dominante, assume uma importância de primeira grandeza: debater o papel do jornalismo nas sociedades contemporâneas. E aqui reside a grande, talvez a maior, virtualidade desta obra que, em certo sentido e situando-se uma centena de anos atrás nos dá, ao interpelar um tempo politicamente agitado, uma excelente metáfora para este tempo enganosamente tranquilo e pretensamente desideologizado.
(do prefácio)
Não consigo lembrar-me de ter existido hoje. É claro que me recordo de determinados actos, de algumas vozes, de ter passado nesta rua e naquela, mas o meu rosto dissolveu-se em cada passo que dei, em cada gesto que fiz, até eu próprio me transformar numa marioneta animada de movimento sem qualquer significado. Gastei o meu dia fingindo não ser eu, da
mesma forma que todos fazemos para podermos continuar a acreditar uns nos outros. Anoiteceu há poucas horas e sinto já a obrigação de mais um
dia que se avizinha. Vou-me deitar a querer sentir-me estendido na cama, quente e com sono e depois adormecer. Dispo-me no quarto enquanto um carro acelera ao longe na rua, algum tempo depois uma mota.
Onde me posso agarrar?
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Conjunto de contos (14) que falam, sobretudo, de pessoas e que mostram o melhor e o pior do ser humano.
Textos inteligentes e mordazes, por vezes, até cruéis. Armando Almeida, subtilmente, obriga-nos a pensar.
« Como Foucault nos ensinou a ver, a loucura tem sido um companheiro da cultura europeia desde a Idade Média. Paulo Alexandre e Castro coloca em cena três internados com a alienação mais perigosa de todas: a lucidez. Apenas um pequeno número de outros autores construíram personagens com excesso de lucidez. Pense-se, entre outros, em O Alienista, de Machado de Assis, ou em Os Físicos, de Dürrenmatt, a que poderíamos acrescentar o Dr. Mabuse, de Fritz Lang, ou o Dr. Strangelove, de Stanley Kubrick. Seria bom que algumas peças futuras nos auxiliassem a compreender o que em Aqui Entre Nós está já equacionado: será que a vida normal, lógica e bem organizada é, de facto, uma manifestação de loucura?»
Manuel Curado In Prefácio
Ao folhear este livro o leitor deparar-se-á com casos verídicos de fenómenos paranormais que, por vezes, nos assaltam e nos deixam na fronteira do inexplicável. Foi neste contexto, nesta vontade incontrolável de encontrar respostas, que me entreguei por completo à procura «da outra parte que de mim se desprendera» sem pensar nas consequências que podem advir desta minha certeza: de que há vida depois da morte.
A leitura deste livro relembra subtilmente o que há mais de dois mil anos um célebre taumaturgo do século I a. C. deixou nos seus valiosos escritos: «ninguém morre a não ser na aparência».
Histórias da Minha Avó é um livro que compila alguns contos e jogos tradicionais.
São histórias que passaram de geração em geração, como “O Cordeirinho”, “O Laranjal”; “O Canavial”; “Grão de milho-miúdo”; “Ó Ana”; “Zé que mama na burra”; “O Vento”; “Os meninos com Estrelinha de ouro na testa” e “Corre, corre Cabacinha”. A autora também inclui três jogos: “Jogo do anel”; “Jogo do compadre Zé Badico” e “Jogo da Arrochada”.
Fernanda Paixão fez uma recolha destes contos e jogos junto da sua avó Pureza e registou-os numa cassete áudio.
A autora defende que estas histórias devem ser contadas, em vez de lidas.
Nasci por baixo da bandeira
portuguesa, no vale do
sofrimento, no ano da independência
quando o refúgio de uma
criança era debaixo de uma cama.
Nasci no país marcado por
cicatrizes e sangue,
onde o povo sorri de tristeza e
chora de alegria
em compasso
melancólico.
Nasci na cidade desértica,
na presença da Welwitschia mirabilis,
onde as dunas são perfumadas pela brisa do mar,
onde o pôr-do-sol é mágico e as noites
frias se perdem nos nevoeiros
esbranquiçados.
Nasci no sofrimento
onde a cruz que carrego
faz de mim forte para sorrir e ter
esperança a cada dia
da minha vida.
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