Este não foi um livro para mim fácil de ler. A escrita é bastante densa e interliga uma série de histórias que aparentemente nada têm a ver e retrocedendo várias vezes no tempo para logo voltar ao futuro o que torna a sua leitura um pouco confusa.
No entanto a história é bastante interessante retratando com rigor o Portugal do século XIX na época do abolição da escravatura, mostrando-nos desde a realidade de um casamento de conveniência tão frequente entre a população endinheirada da altura, à realidade das colónias portuguesas onde apesar da escravatura ter sido abolida, continuava a ser realizada.
Nesta parte, gostei particularmente da descrição do autor de um soldado português aparentemente recto e sensível que, quando chega a Angola, se mostra bastante desagradado com a situação dos nativos mas que, com alguma persuasão de membros da sociedade local sobre como a escravatura é inevitável, fundamental para a economia e até algo positivo para os escravos, muda de ideias e torna-se sócio de um traficante de escravos.
Gosto também do facto do vilão ser um autêntico psicopata que pensa nas pessoas apenas como pequenas marionetas nos seus jogos, que usa ou deixa de lado conforme lhe interessa seja o amigo, ou a esposa e no entanto não há nada no seu passado que justifique que se tenha tornado assim, o que poupa o leitor das desculpas esfarrapadas usais nos romances para justificar a atitude do vilão.
Nem sequer vou falar do romance central da história pois penso que iria estragar grande parte do elemento surpresa e mistério do romance.
Um livro ao estilo de “O Equador” só que notavelmente melhor.
Autor: João Pedro Marques
Editora: Porto Editora
Páginas: 320
Género: Romance Histórico
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