A Mulher que Amou o Faraó é a obra de estreia da historiadora Maria Helena Trindade Lopes no texto literário, concretizando assim aquilo que chamou “um sonho adiado”.
Afirmou em entrevista: “aproveitei o facto de estar de licença sabática entre Março e Setembro, escrevi-o, e depois foi só limar arestas”.
A acção passa-se num período singular da história do Antigo Egipto, quando o faraó Amenhotep IV, casado com “a bela Nefertiti”, impõe uma religião monoteísta em oposição à prática oficial politeísta, algo que duraria apenas durante o seu reino, antes de reverterem às velhas práticas.
A escolha deste período foi “por ser um momento único da história do Egipto, e era importante torná-lo mais conhecido do grande público”, afirmou a autora. Depois da revolução de Amarna (como é denominada a mudança oficial de religião), as coisas não voltaram a ser como eram. Um dos reflexos é que os egípcios passaram a ter uma maior piedade pessoal, e passaram a consagrar-se mais a uma divindade de sua eleição e não a todo o panteão”, explicou a historiadora.
Este romance pretende abrir uma trilogia, e a autora explicou em entrevista que escolheu “uma intriga de amor muito marcada pela sensualidade. Uma história de amor que pretende retratar como se amava no Antigo Egipto, que era de uma forma mais sensual, erótica e carnal”, esclareceu a historiadora.
O mais interessante neste livro é a forma como, ao mesmo tempo que introduz diferentes aspectos deste mundo egípcio quer em termos de história quer em termos de cultura, Helena T. Lopes cria uma envolvência de mistério através da justaposição de diferentes pontos na vida de Ísis. Ao alternar entre as conversas da mulher com a sua neta e as memórias de um passado que parece muito distante, há uma envolvência que se cria, uma vontade de saber mais sobre o passado, mas também de como reagirá Tity quando os segredos se tornarem conhecidos.
Um outro aspecto marcante é a intensa e constante presença da emoção ao longo do enredo, com grande predominância no amor entre Ísis e os homens da sua vida, mas também nas amizades, na fidelidade, nos desencantos. Cria-se assim alguns momentos bastante comoventes, principalmente a partir de uma fase do enredo em que as personagens se tornam, de certa forma, familiares.
Nem tudo é perfeito, claro, e, principalmente na no início do livros, há algo nos diálogos que causa um certo desconforto da leitura. Na necessidade de transmitir ao leitor uma torrente de informação (quer de cenários, quer de costumes) e ao fazê-lo através do diálogo, há algumas conversas que soam um tanto ou quanto forçadas. Há, ainda assim, uma tendência para que esta estranheza diminua ao longo do enredo, quando as informações essenciais são já conhecidas e, portanto, há menos de aspectos descritivos a serem apresentados.
Autor: Maria Helena Trindade Lopes
Editora: Esfera dos Livros
Páginas: 264
Género: Romance Histórico