terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A Papisa Joana (Donna Woolfolk Cross)


Muitos negaram, ao longo dos séculos, a sua existência, mas é ainda considerável a quantidade de documentos que referem a sua passagem pelo trono papal.
Eu já tinha ouvido falar, muitas vezes, da lenda da Papisa Joana. Na verdade esta lenda fascinava-me e a ideia perseguia-me. Mas, por muita informação que pesquisasse sobre ela o que encontrava era sempre muito vago e sempre referido como uma lenda e apenas isso. Ao longo do tempo eu acreditei que a história da Papisa Joana era apenas uma lenda, inventada pela forte imaginação das pessoas da idade média.

Até que me deparei com o maravilhoso livro A Papisa Joana de Donna Woolfolk Cross.
A autora reuniu, numa perfeita combinação, aspectos lendários com factos históricos, do qual resultou um excelente romance sobre Joana de Ingelheim. Na galeria das mais extraordinárias e controversas figuras do Ocidente, a papisa assume contornos enigmáticos e fascinantes.

No entanto não esperem encontrar neste livro a história típica de uma rapariga da Idade Média. Esta é a história de uma mulher que nasceu fora do seu tempo. De uma mulher que via mais longe que a maior das mulheres e até que a maior parte dos homens dessa época. Esta é a história de uma heroína qualquer uma de nós hoje em dia se consegue identificar
Joana recusa-se a ter a vida típica de uma mulher do seu tempo, de quem apenas se esperava que casasse cedo, tivesse filhos e cuidasse da casa. A mulher é na Idade Média pouco mais do que um objecto que pertence ao marido e sobre o seu domínio.
Ela foi exactamente o contrário disso. Ela recusou-se a ser tratada como um ser sem inteligência. Ela escolheu ser livre.

Foi com grande emoção que reconheci que, afinal, a lenda pode ter sido realidade através destas extraordinárias páginas. Somos levados a viajar no tempo e conhecemos Joana ainda pequena a aprender a ler e a escrever com o irmão mais velho. Mais tarde, com a sua morte resolve fazer o derradeiro sacrifício para ser livre, sacrificando a sua feminilidade. Joana passa a ser então Angelicus. Parte então em busca do conhecimento como se fosse um homem, mas a vida reserva-lhe muitas surpresas como tornar-se a primeira mulher a sentar-se no Trono Papal e um grande amor…

Se querem saber mais sobre esta história aconselho a que todos leiam este fantástico livro que brevemente poderão ver em filme. O romance apesar de ser ficcional baseou-se, de facto, em factos históricos. As personagens são fascinantes e estão muito bem construídas, principal e obviamente, a personagem principal que é uma mulher forte, inteligente e brilhante.
Um livro que nos faz acreditar que as lendas podem ser, afinal, reais…




Autora: Donna Woolfolk Cross


Editora: Editorial Presença


N.º de páginas: 460


Género: Romance Histórico

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A Paixão de Artemísia (Susan Vreeland)


“No século XVI o mundo era dos homens. Então apareceu uma mulher que ousou desafiar as leis, a sociedade, as artes... e o mundo nunca mais foi o mesmo.
Esta é a história verdadeira de Artemísia, a primeira mulher a ser aceite na prestigiada Academia de Artes de Florença. Violada pelo professor de pintura quando tinha 18 anos, leva-o a tribunal mas é ela quem acaba por ser humilhada publicamente. Abandonada pela própria família, a jovem decide partir à conquista do mundo numa época em que as senhoras respeitáveis raramente saíam de casa. Sangue, sexo, arte e dinheiro, a história de Artemísia podia ser a história de uma mulher dos nossos tempos. Depois de um casamento de conveniência com um pintor medíocre que inveja o seu talento, a jovem é forçada a sustentar-se não só a si mas também à sua filha. Cruzando-se com Galileu e ganhando o patronato dos Medici, Artemísia faz explodir o seu génio no auge do Renascimento e, ao recusar-se a ser menos do que os homens, torna-se numa heroína intemporal.”


O que mais me interessou inicialmente neste livro foi o facto de Artemísia não ser apenas o produto da imaginação de uma escritora ou simplesmente uma figura lendária. A sua existência é inquestionável e para o provar ficaram para a posteridade os seus quadros, verdadeiras obras de um génio renascentista, que nasceu mulher.
O livro oferece-nos uma viagem ao renascimento italiano, cheio de charme, arte, brilhantismo, intrigas e sexo. A escrita é agradável, simples e fresca.

O pai de Artemísia é um pintor com algum talento, por isso desde a infância ensinou a filha a pintar. No renascimento não era invulgar uma rapariga aprender pintura. Ao contrário do que acontecia na Idade Média era importante as mulheres da alta sociedade terem bastante cultura o que passava por aprenderem a escrever, música, dança e pintura. No entanto, toda esta cultura devia ser sobretudo um meio para agradar ao futuro marido e garantir um bom casamento…Uma mulher seguir pintura por profissão era algo completamente diferente e que estaria completamente fora de questão para a mentalidade da época.

Artemísia recusa vergar-se a estas regras e graças ao seu grande talento torna-se na primeira mulher admitida na Academia de Artes de Florença.
Mas nem tudo foram rosas na vida desta diva do Renascimento. Artemísia foi violada ainda adolescente, de forma atroz, pelo sócio do seu pai. Ao contrário de todas as mulheres do seu tempo - e até muitas do nosso - ela não se escondeu com culpa e vergonha. Esta é uma personagem inteligente e corajosa, que resolve fazer valer os seus direitos, mesmo que para tal ela tenha tido de passar por um teste humilhante e comprovar a perda da sua virgindade em pleno tribunal.

Artemísia enfrentou tudo e todos para fazer vingar o seu talento e seguir a sua paixão passando por cima do casamento por conveniência que lhe foi imposto e os preconceitos da sociedade.
O próprio livro é em si uma obra de arte que consegue mesclar na dose certa factos históricos com romance, sensualidade e autênticas lições de Arte.





Autora: Susan Vreeland


Editora: Chá das Cinco


N.º de páginas: 286


Género: Romance Histórico

sábado, 2 de janeiro de 2010

Sangue Fresco (Charlaine Harris)


“Uma grande mudança social está a afectar toda a humanidade.
Os vampiros acabaram de ser reconhecidos como cidadãos. Após a criação em laboratório, de um sangue sintético comercializável e inofensivo, eles deixaram de ter que se alimentar de sangue humano. Mas o novo direito de cidadania traz muitas outras mudanças…
Sookie Stackhouse é uma empregada de mesa numa pequena vila de Louisiana. É tímida, e não sai muito. Não porque não seja bonita – porque é – mas acontece que Sookie tem um certo “problema”: consegue ler os pensamentos dos outros. Isso não a torna uma pessoa muito sociável. Então surge Bill: alto, moreno, bonito, a quem Sookie não consegue ouvir os pensamentos. Com bons ou maus pensamentos ele é exactamente o tipo de homem com quem ela sonha. Mas Bill tem o seu próprio problema: é um vampiro. Para além da má reputação, ele relaciona-se com os mais temidos e difamados vampiros e, tal como eles, é suspeito de todos os males que acontecem nas redondezas. Quando a sua colega é morta, Sookie percebe que a maldade veio para ficar nesta pequena terra de Louisiana.
Aos poucos, uma nova subcultura dispersa-se um pouco por todos os lados e descobre-se que o próprio sangue dos vampiros funciona nos humanos como uma das drogas mais poderosas e desejadas. Será que ao aceitar os vampiros a humanidade acabou de aceitar a sua própria extinção?”


Tenho de confessor que a minha curiosidade em ler este livro surgiu devido ao sucesso obtido pela série que nele se baseia, “True Blood”, e também ao meu facínio pelos vampiros entre outras criaturas do mundo fantástico. É verdade que esta história tem algumas semelhanças com a saga “Luz e Escuridão” de Stephenie Meyer. No entanto este livro foi publicado em 2001, dois antes antes da primeira edição de "Twilight", logo não trata de uma cópia (não quero com isto dizer que a Saga Luz e Escuridão, da qual sou grande fã, seja uma cópia desta). O tipo de escrita de Charlaine Harris é menos emocional e lamechas, mas por outro lado é também mais ousado e sensual.

Uma das coisas que mais gostei neste livro é o facto de nos com uma sociedade onde os vampiros são aceites e onde possuem o seu próprio espaço. Não são os monstros que anda à noite a raptar bebés, mas também não são os vampiros-anjo da saga “Luz e Escuridão” ou o Angel da série “Buffy- A caçadora de vampiros”. Embora eles sejam aceites pela sociedade, isto não quer dizer que estejam propriamente integrados. Eles são quase como um grupo minoritário, que tem o seu próprio território, no qual as outras pessoas não se atrevem a entrar e que também não são vistos com “bons olhos” quando se introduzem no território humano.

A personagem principal, Sookie Stackhouse, é de facto uma boa surpresa, é uma jovem empregada de bar muito inocente, uma daquelas pessoas que muitas vezes apelidamos de “sem sal” e que não tem aparentemente mais nada de interessante para além de conseguir ler os pensamentos dos outros. Ela torna-se de facto uma personagem cheia de força a partir do momento em que se envolve com Bill, um vampiro misterioso, mas carismático que vai acelerar o coração da jovem e pôr de cabeça para baixo a vida pacata da cidade onde ela vive.
Mas isto, não é tudo, a história está cheia elementos policiais e de terror que combinam de forma cativante com o seu fundo de fantasia deixando-nos com sede para ler mais e para descobrir a solução para tantos mistérios…





Autora: Charlaine Harris


Editora: Saída de Emergência


N.º de páginas: 272


Género: Fantasia